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Índios Guarani aguardam resposta da Polícia Militar sobre incêndio em aldeia

Os índios da aldeia Piraquêaçu, localizada em Aracruz (litoral norte do Estado), registraram um Boletim de Ocorrência no Batalhão de Polícia Militar do município sobre o incêndio que acometeu quatro cabanas da aldeia temática na madrugada entre o último domingo (10) e essa segunda-feira (11). De acordo com o cacique de Piraquêaçu, Pedro da Silva Karaí, os índios já construíram um portão para proteger a área que foi incendiada e uma parte da aldeia. Não há suspeitas sobre a autoria do incêndio e os índios vão aguardar a investigação da PM. O cacique afirmou que há muitos anos não aconteciam fatos como este nos territórios demarcados.
 
Karaí lamentou o ocorrido, que impacta diretamente a cultura e hábitos dos indígenas que formam as aldeias do território demarcado em Aracruz. O espaço era utilizado nos finais de semana e em eventos especiais, como a visitação de escolas e turistas. O cacique contabiliza que o prejuízo com o incêndio das cabanas será entre R$ 3 mil e R$ 4 mil e explica que as aldeias estão abertas a receber contribuições de quem possa ajudar no processo de reconstrução, que deverá ser realizada com materiais comprados na Bahia, onde têm menor custo.
 
Entre as cabanas que foram destruídas estão as que retratavam a casa de reza e o local de reunião dos caciques. A aldeia temática Tekoa Mirim era frequentada pelas demais aldeias guarani da região – Boa Esperança e Três Palmeiras. Esse espaço é interligado ao ambiente do museu, que conta a história dos Guarani sob a ótica dos próprios índios. Esses índios chegaram ao Espírito Santo na década de 1960, guiados pela xamã (guia espiritual) Tatatin Woa Retée em busca da “Terra sem males”.
 
 
No local da aldeia temática, os índios mantinham a vegetação de restinga intacta. Para chegar ao local, o visitante precisa passar por dentro da mata, demonstrando o zelo dos indígenas com a natureza. Essa aldeia tem uma pendência com a Petrobras, que transita com tratores por dentro da área.

De acordo com Karaí, os índios tentam negociar há anos uma verba de compensação com a empresa, que até então não ofereceu qualquer tipo de auxílio pelo uso do espaço das aldeias. A cerca de 400 metros de onde ocorreu o incêndio, passa o gasoduto da empresa mas, como afirmou o cacique, a principal preocupação por conta da ocorrência do incêndio não foi com relação ao duto, mas sim pelo perigo de alastramento na mata.

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