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Indústrias de celulose fazem novos sobrevoos sobre zona de amortecimento do Parque de Itaúnas

Às sete horas da manhã desta terça-feira (24), os moradores do Angelim 1 e 2 e outras comunidades do Território Quilombola do Sapê do Norte já foram surpreendidas com voos rasantes do avião que aplica produtos agroquímicos sobre as plantações de eucalipto da Aracruz Celulose (Fibria), Suzano e Placas Brasil, em largas extensões dos municípios de São Mateus e Conceição da Barra.

Sem qualquer comunicado prévio, os aviões cortavam o céu, aparentemente, manobrando na região das casas e plantações agroecológicas dos quilombolas.

“O avião está passando muito baixo, com os bicos das bombas praticamente todos abertos, você vê a nuvem de água caindo sobre as plantas. A gente liga pro Incaper [Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural] e nada. Só o Gustavo do Iema [Gustavo Braga, agente do Parque Estadual de Itaúnas – PEI, administrado pelo Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos] veio aqui mais cedo”, relata Terezino Trindade Alves, presidente da Associação de Agricultores e Agricultoras da Comunidade Quilombola Angelim 1 (Aacqua).

Na Vila de Itaúnas, onde fica a sede do Parque, moradores também denunciaram os sobrevoos dessa semana, no Território Tradicional Quilombola, poucos dias depois do início das investigações pela gestão do PEI, sobre quais irregularidades foram cometidas pela Aracruz Celulose, Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf) e outros órgãos públicos, sobre os sobrevoos realizados entre os dias 16 e 18 de outubro.

“Em nenhum momento essas empresas vieram consultar a comunidade. Nós temos uma constituição que nos ampara, então estamos sendo desrespeitados”, protesta o presidente da Aacqua .

Terezino conta que durante os sobrevoos da terça-feira passada (17), um vereador de Conceição da Barra estava no Sapê, atendendo a um pedido da Associação sobre outro assunto. Viu os rasantes, mas não tomou qualquer providência.  “A gente não sabe a procedência desse produto químico, mas acredita que ele está intoxicando toda a nossa produção, e os poderes Executivo e Legislativo não fazem nada”, denuncia.

Desta vez, a comunidade pretende levar o caso ao Ministério Público Federal, após anos de desrespeito por parte das empresas e omissão dos órgãos públicos. “Vamos registrar no MPF e queremos reparação. Eles estão passando em cima das nossas casas, dentro dos nossos terreiros”, disse.

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