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Jovens capixabas vencem prêmio de melhor café do país

Escola Família, Ifes e Sindicato Rural contribuíram na trajetória de irmãos de Venda Nova responsáveis pelo café especial

Um café produzido no Espírito Santo conquistou um dos mais importantes concursos de qualidade para café do mundo. O prêmio Cup of Excellence 2020, realizado pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA, pela sigla em inglês), foi para o Sítio Escondica, localizado em Venda Nova do Imigrante, região serrana do Estado. Os responsáveis pelo café são três jovens irmãos que assumiram a tradição da família: Luiz Ricardo, 20 anos, Luiz Henrique, 24 anos, e José Luiz Bozzi Pimenta de Souza, 27 anos.

Com 90,03 pontos, eles atingiram a nota mais alta entre mais de 900 concorrentes. Segundo a entidade, os cafés especiais são grãos com atributos sensoriais diferenciados, que proporcionam uma bebida limpa e doce, corpo e acidez equilibrados, que qualificam sua bebida acima dos 80 pontos na análise sensorial. “Segundo especialistas, o café produzido pela família Pimenta é um produto único. É um café arábica, tipo catucaí, que apresenta um sabor com gosto de melado de cana e frescor que lembra melão. Foi o único café que atingiu 90 pontos”, relata reportagem da Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag).

Os irmãos capixabas vivem na comunidade de Alto Lavrinhas, zona rural de Venda Nova, e produzem café especial e não especial numa propriedade arrendada de pouco mais de quatro hectares em São Roque, onde também cultivam abacate, outro produto muito típico na região.

Luiz Ricardo teve formação como técnico em agropecuária na Escola Família Agrícola de Castelo e seu irmão Luiz Henrique estudou no Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes). “A escola família me ensinou muito sobre as questões de valorização e agregação de valor ao solo e à planta. Foi muito interessante. Meu irmão aprendeu no Ifes sobre a pós-colheita, processamento, desenvolvimento de qualidade do café”, conta Luiz Ricardo.

Isso despertou neles a vontade de continuar e aprimorar o trabalho que vinha de família desde 1998 no plantio do café. “Como a gente vive no meio rural, participamos da cadeia produtiva do café praticamente desde que nascemos, estamos no meio disso, é difícil precisar quando começamos a mexer com café”, diz o jovem.

A chamada sucessão familiar, com os filhos assumindo o cuidado no campo, vem acontecendo na propriedade dos Pimenta, incentivando a manutenção de jovens no campo. “A juventude rural é assim, com a oportunidade nas mãos, busca fazer com o máximo de excelência possível para ter um futuro promissor”, considera Luiz Ricardo. Mas ele conta que de início os pais não apoiavam que os filhos seguissem no ramo, por considerar um trabalho muito árduo, e queriam que os filhos estudassem medicina veterinária, advocacia ou outro curso.

A família participa ativamente do movimento sindical rural. “Somos associados ao Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais, que vem apoiando a nossa família e toda a comunidade em várias questões”, relata. O sindicato é base de outras entidades como a Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado do Espírito Santo (Feates) e da Contag, entidade nacional.

Acervo familiar

Para Luiz Ricardo, o diferencial para a qualidade de café é o cuidado do solo e da planta com um olhar de sustentabilidade. “A partir disso ela vai nos dar resultados excelentes”, relata. A produção do café especial se dá em microlotes, com produção pequena e bem selecionada que garante altas pontuações. A conquista do Cup of Excelence proporciona que o café de Venda Nova e outros dos primeiros colocados possam ir à leilão internacional, com possibilidade de vendas de alto valor.

“Ganhar esse prêmio foi uma conquista muito grande e também uma grande responsabilidade. Estamos no topo da qualidade dos cafés, é algo muito importante, há gente no ramo da cafeicultura que trabalham a vida toda para conquistar esse prêmio e nós conseguimos chegar nesse topo tão jovens. Queremos continuar entre os melhores”.

Além do Sítio Escondica, outras duas produções capixabas figuram entre os 10 melhores cafés na competição: o Sítio Floresta, de Eduardo Tozi, em Castelo (quarto lugar), e o Sítio Braga, de Jeremias Lietig Braga, em Afonso Cláudio (oitavo lugar).

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