O último boletim do Serviço Geológico do Brasil informou que a lama de rejeitos de minério da Samarco-Vale-BHP-Billinton chegou a Baixo Guandu, no Espírito Santo, no final da tarde desta segunda-feira (16). A onda de rejeitos estava representada na Usina de Aimorés (foto acima), no município mineiro que faz divisa com o Estado.
Com a chegada da lama, o Serviço Autônomo de Água e Esgoto – SAAE de Baixo Guandu interrompeu a captação de água do rio Doce nesta segunda-feira (16). A partir de agora, o abastecimento na sede do município e também do bairro Mascarenhas será feito com a água do rio Guandu.
A captação alternativa está sendo possível graças a uma iniciativa da prefeitura. Ao perceber a omissão da Samarco, o prefeito Neto Barros (PCdoB) pôs em operação um plano arrojado para contornar o desabastecimento iminente.
Em regime de urgência, a prefeitura e SAAE mobilizaram cerca de 50 trabalhadores que conseguiram desobstruir em tempo recorde o canal da antiga Usina Hidrelétrica Von Luztow. A prefeitura foi a primeira a consolidar um ponto alternativo de captação, que se tornará definitivo. “O rio Doce vai ficar impraticável”, advertiu Neto Barros.
A obra emergencial do canal do rio Guandu foi concluída nesse domingo (15). O teste de captação de água para a estação de tratamento do SAAE foi realizado com sucesso e o volume de água deu vazão para o funcionamento de duas bombas. O fluxo normal da captação de água, segundo a prefeitura, atende os moradores que residem na sede do município.
Como essa interrupção da captação de água do rio Doce já era prevista, a prefeitura, junto ao SAAE e o Posto de Comando de Operações, já se preparava para colocar em prática a estratégia de utilização do rio Guandu. “Há cerca de cinco dias nós estávamos limpando um canal para levar água do rio Guandu até a estação de bombeamento. Agora a água já está sendo tratada para o abastecimento”, garantiu Neto Barros.
As equipes de trabalho da prefeitura do SAAE estão desenvolvendo estratégias para que os moradores de Mascarenhas continuem recebendo água encanada.
O abastecimento de Mascarenhas é feito por uma estação de tratamento localizada na Usina de Mascarenhas; no período de interrupção da captação da água no rio Doce, a estratégia é fazer a captação da água na sede do município e transportá-la em carro pipa até o reservatório de água da comunidade, para garantir o abastecimento através de água encanada (torneira). De acordo com a prefeitura, isso vai evitar a distribuição individualmente nas casas, que seria um processo mais demorado.