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Lanchas ameaçam pescadores artesanais em Vitória

Em alta na pandemia, embarcações de lazer motorizadas trafegam em alta velocidade, poluem e intimidam quem vive da pesca

Com a pandemia e o isolamento social, uma das diversões crescentes dos ricos e ultra-ricos da capital do Espírito Santo são os passeios de barco, não só nas proximidades do litoral como na baía e áreas de manguezal. O excesso de velocidade, uso de bebidas e poluição provocado por essa nova onda têm assustado pescadores artesanais de Vitória.

Desde março, com o início da pandemia do coronavírus, eles vêm observando o crescimento do fluxo de barcos motorizados para lazer e jet skis pela região dos mangues, com especial circulação nos fins de semana e feriados. Pescadores de bairros como Goiabeiras, Santo Antônio, Maira Ortiz e até Jardim Carapina, na Serra, manifestam uma série de relatos preocupantes, que incluem até ameaças armadas vindas desses barcos.

De acordo com o manual de normas e procedimentos da Capitania dos Portos, a velocidade máxima de embarcações navegando entre a foz do Canal de Camburi e a Ponte da Passagem é de cinco nós (menos de 10 km/h). “No restante do canal o navegante deverá ter atenção à presença de outras embarcações e reduzir a velocidade ao cruzar com as mesmas, em especial às de pequeno porte”.

A preocupação dos pescadores artesanais é de que outros desastres possam acontecer, inclusive com essa população que depende do mangue para seu sustento, como o registrado no último sábado (25), que tirou a vida de Bruna França Zocca, namorada do empresário José Silvino Pinafo, que conduzia a embarcação.  

Relatos de alguns deles apontam que o número e frequência de pescadores artesanais também cresceu diante da pandemia, já que muitas pessoas dos bairros ao redor do mangue perderam fontes de renda e não conseguiram auxílio emergencial, encontrando na pesca uma alternativa de recursos e alimentação neste momento. Geralmente usam redes ou tarrafas e embarcações a remo ou a motor de baixa potência.

Um pescador teria sido expulso das águas sob ameaça e tiros para o alto vindos de uma lancha, como contam, e outro teve o barco tombado e perdeu sua pesca. Um morador também afirmou ter ficado a poucos metros de ter sido atropelado por um jet ski quando pescava durante a noite. “Estava pescando próximo à minha casa e sinalizei com uma lanterna, mesmo assim o jet ski veio pra cima de mim, jogou água e saiu rindo”, diz um dos pescadores que não quis identificar, por medo de represália.

Os pescadores também registraram um acidente entre dois jet skis, que teria chegado a derramar óleo no manguezal. Informações também apontam ao fato de alguns barcos despejarem lixo na água, o que configura crime ambiental.

Segundo moradores da região da baía, os pescadores artesanais estão indignados, mas com medo de denunciar, por saber que os donos das embarcações são pessoas de muito dinheiro e poder. Mesmo assim têm buscando contato com a Prefeitura Municipal de Vitória e a Capitania dos Portos, para pedir maior fiscalização nos locais.

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