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Lavagem de tanques em navio petroleiro pode ser origem de óleo em praias do ES

Marinha afirma origem comum ao visto no Nordeste em agosto, vindo possivelmente do Golfo do México

PMCB

A lavagem de tanques em navio petroleiro pode ser a origem do óleo encontrado há duas semanas em praias do litoral norte do Espírito Santo. A afirmação vem dos órgãos que compõem o Comitê Gestor Estadual formado para gerir as medidas voltadas à retirada, monitoramento e estudo dos fragmentos de petróleo na região. 

A coordenação do Comitê Gestor Estadual é da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Seama), que afirmou tratar-se do mesmo material encontrado nas praias do Nordeste em agosto passado, porém, com origem diversa do óleo que poluiu o litoral nordestino e capixaba em 2019. 

Por meio de nota, o colegiado informou que “o resultado da análise do Instituto de Pesquisas do Mar da Marinha do Brasil apontou que os resíduos que atingiram as praias do Nordeste brasileiro e os municípios do litoral norte capixaba, nos últimos dias, apresentam perfil químico diferente do observado no óleo que atingiu a costa brasileira em 2019”.

O comunicado prossegue explicando que “segundo o Departamento de Segurança do Tráfego Aquaviário da Capitania dos Portos do Espírito Santo, e com base nas características geoquímicas do resíduo, o incidente em investigação provavelmente foi causado pelo descarte de resíduos oleosos oriundos de uma lavagem de tanques em navio petroleiro”. 

O monitoramento em curso registrou impactos em três municípios: Conceição da Barra, São Mateus e Linhares, nos quais foram recolhidos, até essa quinta-feira (27), cerca de 390 kg de óleo. O recolhimento da sujeira fóssil é feito por servidores públicos municipais e estaduais das unidades de conservação estadual em Itaúnas e Conceição da Barra.

“Todo material recolhido está sendo armazenado de forma segura e adequada nos próprios municípios, principalmente em função do volume incipiente encontrado, em relação ao que foi coletado em 2019. O Comitê ainda orienta à população não manusear o material, caso seja encontrado, sem os devidos equipamentos de proteção individual de segurança”, destaca a nota.

Além da Seama, integram o Comitê o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a Capitania dos Portos, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a Universidade Federal do Estado (Ufes), o Corpo de Bombeiros, a Defesa Civil do Estado, a empresa Ambipar e as secretarias municipais de Meio Ambiente de Linhares, São Mateus e Conceição da Barra.

Ocorrência nacional

No Espírito Santo, os primeiros registros do novo óleo foram feitos no dia 13 de outubro. No Nordeste, as primeiras aparições foram em Pernambuco, em agosto. No dia nove de setembro, a Marinha publicou um comunicado conjunto, com informações sobre as investigações conduzidas por diversos institutos de pesquisa sobre a origem e impactos do óleo. 

Na ocasião, as amostras para estudo haviam sido coletadas em praias de Pernambuco (Casa Caiada, Cupe, Catuama, Maria Farinha, Rio Doce, Bairro Novo, Milagres, Boa Viagem, Paiva e Quartel), Paraíba (Pitimbu e Jacarapé), Alagoas (Carro Quebrado) e Bahia (Ondina). As análises haviam sido feitas pelos seguintes laboratórios: Laboratório de Compostos Orgânicos em Ecossistemas Costeiros e Marinhos (OrganoMAR), da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE); Centro de Excelência em Geoquímica, Petróleo, Energia e Meio Ambiente (Lepetro/Igeo), da Universidade Federal da Bahia (UFBA); e Laboratório de Geoquímica Ambiental Forense (LGAF) do Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM) (Marinha do Brasil), este, o laboratório forense oficial da Autoridade Marítima brasileira para fins de investigação da origem de tais incidentes.

“A partir das análises de amostras de resíduos de óleo até agora efetuadas, há indicação de que houve um novo evento [diferente do desastre de 2019], cuja hipótese mais provável aponta para um incidente envolvendo petróleo cru, proveniente do descarte de água oleosa lançada ao mar, após a lavagem de tanques de navio petroleiro, em alto-mar. Os biomarcadores, ou indicadores de origem, sugerem tratar-se de petróleo produzido no Golfo do México. Tal origem foi estabelecida a partir da análise das amostras coletadas, especificamente, nas praias de Pernambuco (Boa Viagem, Paiva e Quartel) e Bahia (Ondina)”, afirmou a nota.

Conforme lembrou reportagem publicada pelo jornal Folha de S.Paulo no dia 28 de agosto, em 2019, as manchas de óleo foram registradas em praias de 11 estados, a partir de registros na Paraíba no dia 20 de agosto, causando um prejuízo estimado pela Polícia Federal em R$ 525 milhões.

“Desde então, foram recolhidas 5,3 mil toneladas de óleo em 1.013 localidades, boa parte do trabalho feita por grupos de voluntários”, destacou o jornal.

“A PF concluiu a apuração do acidente ambiental ainda em 2020 e indicou o navio NM Bouboulina, de bandeira grega, como responsável pelo vazamento. A empresa Delta Tankers, proprietária do navio, afirmou que uma inspeção feita na embarcação não encontrou provas do vazamento. Depois desse episódio, o óleo continuou aparecendo nas praias do Nordeste brasileiro em episódios esporádicos. Em junho de 2020, fragmentos de óleo foram encontrados em praias de Pernambuco e Alagoas. Em agosto de 2021, apareceram em Fernando de Noronha”.

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