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Lazer e turismo como ferramenta de sensibilização ambiental

Turismo e inclusão social, comunicação e educação ambiental são ferramentas fundamentais para atingir a missão de proteger as tartarugas marinhas. É assim há 35 anos, desde que o Projeto Tamar iniciou seus trabalhos no Brasil e no Espírito Santo – a Base de Regência, em Linhares, foi uma das três primeiras a funcionar, no início da década de 1980.

Retirar as tartarugas marinhas das listas de espécies ameaçadas de extinção em níveis estaduais, nacional e internacional era, e ainda é, uma missão dificílima, que só pode ser empreendida com a mútua colaboração dos governos, da ciência, das comunidades costeiras, do setor produtivo e da sociedade em geral.

Das primeiras camisetas feitas em silk screen pelos próprios técnicos – oceanólogos e biólogos, essencialmente – até hoje, muita coisa evoluiu. Os produtos com a marca Tamar circulam dentro e fora do Brasil e encantam pela originalidade, beleza e qualidade. Seja nos centros de visitantes das bases mais isoladas dos núcleos urbanos ou em aeroportos e grandes shoppings.

No catálogo, o artesanato feito pelas comunidades costeiras e indígenas é o carro-chefe. Enche os olhos dos consumidores e movimenta a economia das comunidades, muitas delas tendo as atividades de conservação das tartarugas marinhas como principal empregador e gerador de renda, como é o caso de Regência.  

Sinergia entre os atores sociais

Cerca de um terço do orçamento do Projeto Tamar é oriundo das atividades de autossustentação da Fundação Pró-Tamar – ONG criada pelo Centro Tamar/ICMBio para gerir as atividades de geração de renda nas comunidades costeiras – que, além do artesanato, inclui as confecções Pró-Tamar e o turismo nas bases e centros de visitantes.  A meta é atingir a autossustentação financeira plena.

Enquanto esse momento não chega, o orçamento é complementado por parcerias com empresas públicas e privadas e pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). “É uma união de esforços e parcerias”, ressalta a bióloga Denise Rieth, gestora da base do Tamar em Vitória.

Promover a sinergia entre os diversos setores da sociedade é um dos grandes talentos e diferenciais do Tamar. Outros dois que certamente se destacam são o foco na melhoria da qualidade de vida das comunidades costeiras onde o Projeto instala suas bases e a imersão, nessas comunidades, feita pelos gestores e técnicos.

“O ótimo é inimigo do bom”

Desde os anos 1980, a opção natural foi mudar-se para as localidades de atuação. Vivenciando o dia a dia das comunidades e tornando-se efetivamente parte delas, as equipes conseguem de fato ajudar na promoção de atividades e mesmo políticas públicas que se refletem em maior coesão social, saúde, educação, geração de renda, identidade, autoestima. Tudo isso na esteira da conservação das tartarugas marinhas.

São certamente três dos mais importantes diferenciais que explicam o sucesso do Projeto Tamar, um dos mais bem-sucedidos programas de conservação de espécies ameaçadas em todo o mundo. “O sucesso do Tamar ao logo destes 35 anos de trabalho deve-se à inclusão social. A proximidade de todos os técnicos e coordenadores, enfim, toda a equipe, com as comunidades, é peça-chave”. Afirma Denise.

Diferenciais alcançados com boas doses de coragem, criatividade e muita objetividade no planejamento e execução das ações. “O ótimo é inimigo do bom” é uma frase muito ouvida entre as equipes e resumem a objetividade assertiva com que os trabalhos são executados. Já o “learning by doing”, um lema adotado também nos primórdios do Projeto, também não foi abandonado. Imprescindível na época, quando não havia quase nenhum estudo ou experiência de conservação desses animais, ainda hoje alimenta o perfil corajoso e criativo da instituição, bem como dos talentos que ela agrega para si.

Novo tanque

O novo tanque da base de Vitória tem 226 m² e capacidade para 100 mil litros de água do mar. Feito à base de rochas encontradas na cidade, abriga quatro das cinco espécies protegidas pelo Projeto: Cabeçuda (Caretta caretta), Verde (Chelonia Mydas), de-pente (Eretmochelys imbricata) e Oliva (Lepidochelys olivácea). Moderno, ele tem um sistema de tratamento de água inovador e possibilita que as pessoas vejam as tartarugas ainda mais de perto, através de visores.

A Base tem também um tanque de 28 mil litros, em forma de barco, e outro menor com filhotes de tartaruga marinha. Possui espaços temáticos com silhuetas e réplicas, entre elas uma do esqueleto do Archelon, a maior tartaruga marinha encontrada no mundo, que viveu há 70 milhões de anos e conviveu com os dinossauros. Uma loja de produtos TAMAR, com renda 100% revertida para o trabalho de conservação das tartarugas e comunidades litorâneas, e uma sala de exibição de vídeos compõem o Museu do TAMAR em Vitória.

Projeto está em 25 localidades no Brasil

O Projeto Tamar Trabalha na pesquisa, proteção e manejo das cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no Brasil, inclusive a tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea), a mais ameaçada no mundo, única que não tem exemplar nas bases do Projeto.

Protege cerca de 1.100 quilômetros de praias e está presente em 25 localidades, em áreas de alimentação, desova, crescimento e descanso das tartarugas marinhas, no litoral e ilhas oceânicas dos estados da Bahia, Sergipe, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina.


Centro de Visitantes do Projeto TAMAR Vitória-ES

Praça do Papa – Enseada do Suá – Vitoria

Tel: (27) 3225-3787

Horário de funcionamento: diariamente, das 8h30 às 18 horas.

 

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