A partir da zero hora do próximo domingo (17), tem início o racionamento de água no município de Linhares, norte do Estado, em que as bombas reduzirão a pressão em 30%, operando com 70% de sua capacidade, a princípio, durante 24 horas duas vezes na semana, aos domingos e quartas-feiras.
Esse formato de racionamento é resultado de um acordo feito entre a Prefeitura e os servidores do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE). A princípio, haveria suspensão total de fornecimento em mais dias na semana, mas os trabalhadores conseguiram demover o Executivo da intenção. Reconhecem a crise hídrica e a necessidade de uso racional por parte da população, mas garantem que, hoje, reduzir a pressão é uma medida mais segura.
“O retorno de bombeamento após a retirada de todo o líquido da rede pode, por exemplo, provocar estouro de canalização e aí, sim, prejudicar o abastecimento. A água também se juntaria aos resíduos dos canos, chegando sem qualidade ao destino”, explicou o fiscal do SAAE Waldiney Carlos Siqueira, ao fazer uso da palavra na tribuna da Câmara Municipal nesta segunda-feira (11). “Não há necessidade dessa medida. Nesse período do ano, o consumo é menor, e o rio Pequeno já esteve com nível mais baixo, sem carecer o racionamento”, afirmou.
Além das questões técnicas, os servidores e o Sindaema denunciam que a tentativa de racionamento, nos moldes como vinha sendo planejada, faz parte de uma estratégia de desmoralização e sucateamento do SAAE para privatizá-lo.
O projeto de lei de privatização foi encaminhado em maio para a Câmara, segundo o Sindaema, às escondidas. Numa rápida mobilização, conseguiram fazer o PL voltar para o Executivo, para ajustes. Os trabalhadores contam com apoio da população na campanha contra a privatização. Uma enquete realizada no site de um vereador favorável à manobra, 87% das pessoas votaram contra. O vereador logo retirou a enquete do ar. “Não esperávamos que o prefeito Nozinho Correa, PRTB] fosse tomar essa atitude no final do mandato. A gente não vai deixar a peteca cair, vamos lutar”, anunciou Jhone Jácome Ferreira, também do SAAE de Linhares, e membro da Comissão Contra a Concessão do SAAE.
Em paralelo ao trabalho de desarticular a privatização, os técnicos do SAAE e o Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente (Sindaema) estão junto da Prefeitura na produção de uma campanha de conscientização da sociedade com relação ao desperdício de água.
Outra polêmica em torno do SAAE de Linhares envolve denúncias de contratos superfaturados. Já foi solicitada abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara para apurar a questão.
