O município de Linhares, no norte do Espírito Santo, será o segundo do Estado a receber uma Feira de Produtos da Reforma Agrária, que já teve quatro edições realizadas na capital Vitória.
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) anunciou uma grande feira que reúne produtos de diversos assentamentos e acampamentos da região para os dias 20 e 21 de março, na Praça 22 de Agosto. Antes da feira estadual anual em Vitória, no segundo semestre, o movimento também pretende realizar feiras regionais em São Mateus e Cachoeiro de Itapemirim, ainda sem datas definidas.
Feiras regionais em Linhares, São Mateus e Cachoeira vão anteceder Feira Estadual em Vitória. Foto: Divulgação/ MST
“É uma oportunidade de aproximar os assentamentos e acampamentos de suas regiões”, diz Joselma Maria Pereira, uma das coordenadoras da Regional Índio Galdino, que engloba cinco assentamentos e cinco acampamentos em Linhares e municípios do entorno.
Além de frutas, verduras e legumes produzidos nas propriedades familiares fruto do processo de reforma agrária nessa região, também estarão expostos produtos agroindustriais, biscoitos, plantas, pomadas, artesanato e outras produções dos integrantes do movimento no Espírito Santo, um dos maiores movimentos camponeses do mundo. A barraca Culinária da Terra também estará presente, preparando lanches e refeições na hora.
Um dos objetivos principais das feiras regionais, assim como das estaduais, é realizar o diálogo entre os consumidores e os produtores que estão presentes e realizam exposição e vendas de forma direta. “Quem vai a essas feiras tem oportunidade de conhecer o produto e de onde vem, além de conversar sobre uma série de questões atravessadas, já que há muita opinião contrária aos trabalhadores, ao movimento sem terra e à agricultura familiar. É uma oportunidade de diálogo, de falar das vivências, resgatar a história e quebrar preconceitos”, pontua Joselma.
Ela considera que as feiras servem também como uma espécie de “prestação de contas” dos camponeses à sociedade em relação à reforma agrária. “Na feira a gente afirma a necessidade de uma reforma agrária urgente e necessária para oportunizar não só terra, trabalho e dignidade para os trabalhadores, mas também para produzir comida saudável, como fazemos nos assentamentos e acampamentos”.
A líder camponesa também destaca que no processo de luta pela reforma agrária não se constroem apenas espaços de moradia e produção de alimentos, mas também a produção de outras coisas de suma importância como cultura, conhecimentos, iniciativas de educação e saúde, que também serão apresentadas em tendas temáticas que fazem parte da estrutura da feira.
Em Linhares, a feira vai incluir oficinas com temas como hortas urbanas, abelhas sem ferrão, homeopatia, palestras sobre agroecologia, reforma agrária e mulheres no campo, exposições de quadros e fotografias, venda de livros e e apresentações culturais incluindo, rap, jongo e outros ritmos.
As feiras da reforma agrária são iniciativas do MST com apoio de diversa entidades públicas e da sociedade civil, incluindo autarquias, prefeituras, ONGs, entidades religiosas, sindicatos, universidades, coletivos e outros colaboradores.