A professora de Química Ívina Langsdorf foi uma das participantes a se indignar com o contraste entre as belas paisagens, a fauna, e o lixo da maior mineradora do mundo: máquinas inutilizadas, ferragens em geral, muitos fios e cabos, lixo doméstico, muito plástico, muito minério e até pelotas de ferro na areia. “Como cidadão me sinto lesada”, afirma.
Seus alunos de Química, na EEEFM Almirante Barroso, em Goiabeiras, encontraram um recorte de jornal sobre um movimento social contra a poluição por pó preto atuando em 1987. “Há pelo menos trinta anos se fala disso e as decisões continuam sendo proteladas”, reclama, reconhecendo que a população faz pouca pressão e os políticos também são muito omissos. “O poder econômico e político dela é muito grande”, diz.
Nesta terça-feira (25), os alunos da professora Ívina irão à Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) conhecer uma pesquisa sobre um polímero que está sendo desenvolvido para aglutinar o pó de minério em sua passagem pelas esteiras de transporte dentro da fábrica. A visita faz parte de um projeto que se encerrará no final de agosto e inclui análise química da areia da praia, para avaliar teor de ferro. Os alunos já postaram um vídeo da caminhada que fizerem em junho em Camburi e continuarão tentando entender o processo de produção e poluição da mineradora.
Desde a inauguração da 8ª Usina de Pelotização da Vale na Ponta de Tubarão, em meados de 2014, o Espírito Santo se tornou o estado que mais produz e exporta pelotas de ferro no mundo. Neste segundo trimestre de 2017, a mineradora obteve recorde na produção de minério de ferro, com 91,8 mil toneladas, 5,8% a mais que o mesmo período de 2016.
Os impactos da atividade também crescem, com o pó preto se tornando um problema cada vez mais presente na vida do morador da Grande Vitória, sujando as residências e praias e provocando sérios problemas de saúde, especialmente respiratórios e cardíacos.
A conivência do Estado com a situação se revela na incapacidade e desinteresse em exigir a redução efetiva da poluição, bem como estudos relacionando os poluentes com os prejuízos à saúde. Sequer um monitoramento preciso da poluição do ar é feito, como denunciam seguidamente os ambientalistas.