O pedido de cadastramento para comercialização já foi feito pelo escritório brasileiro da empresa, localizado em São Paulo, ao Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf) e, seguindo a tendência histórica, o órgão deve aprovar o cadastro.
“Eu nunca vi nenhum produto com restrição no Espírito Santo”, comenta Valmir Noventa, da coordenação estadual do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), comparando a postura histórica do Executivo capixaba com a do estado do Paraná, que tem proibido a venda de vários produtos tóxicos liberados nacionalmente.
No Espírito Santo, o Glifosato é largamente utilizado nas lavouras de café, que, no modo de produção convencional, utiliza um arsenal de fungicidas, inseticidas, acaricidas e herbicidas – entre eles o Roundup – desde a fase de plantio até a colheita. Mas é também utilizado em praticamente todas as culturas cujo processo produtivo está baseado nos venenos petroquímicos.
A substituição do Roundup por novos produtos à base de Glifosato e outros princípios ativos, mais concentrados e potentes, tem sido empreendida pela Monsanto há alguns anos. E sempre que vai lançar um novo veneno no mercado, a empresa solicita autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e em todos os estados. “Muitas vezes são produtos proibidos em outros países, que as empresas acabam trazendo pra cá”, lembra o camponês, explicando uma das razões de o Brasil ser o campeão mundial do consumo de agrotóxicos desde 2008.
Diversos movimentos sociais do campo e organizações não governamentais têm se mobilizado para retirar o país desse triste podium. O Ministério Público também tem procurado retirar alguns produtos do mercado e cobrar mais rigor na fiscalização. O Glifosato é um dos princípios ativos alvo da ação do MP, que solicita a retirada desde 2015, devido aos estudos científicos que comprovam sérios danos à saúde provocados pela presença desse agente químico, entre eles o câncer e as mutações genéticas.