A mancha de lama decorrente da tragédia da Samarco/Vale/BHP, que se espalha pelo litoral do Espírito Santo, triplicou de tamanha de domingo (3) para terça-feira (5). Não há prazo para que os rejeitos de minério deixem de ser despejados no litoral capixaba.
Apesar de ter apresentado um recuo de cerca de 90% entre 29 de dezembro e o último domingo (3) de 168 km² para 19,3 km², a dimensão da mancha voltou a crescer na segunda-feira (4), atingindo 66,6 km².
Segundo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o crescimento da mancha de lama foi causado pela incidência de chuvas ao longo da bacia do rio Doce, a mudança na direção dos ventos no litoral e o comportamento das marés.
Para o professor de engenharia costeira da Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe/UFRJ) Paulo Rosman, não há prazo para que os rejeitos de minério da Samarco deixem de ser despejado na costa capixaba, devido à enorme quantidade de lama que ficou depositada nas margens do rio Doce e de seus afluentes, alguns dos quais foram invadidos pela lama por mais de 80 quilômetros.
“Vai depender da velocidade em que essas margens vão ser revegetadas, de modo a consolidar esse material onde está, caso contrário, sempre que chover forte no alto e médio rio Doce, vai ser observado um aumento significativo do material em suspensão despejado no mar”, explicou o Rosman. “O rio vai continuar barrento por muito tempo”, alertou.
O secretário estadual de Meio Ambiente, Rodrigo Júdice, afirma que outro fator capaz de acelerar a dispersão da lama de rejeitos seria uma ação de desassoreamento do rio. O secretário responsabiliza a Samarco, empresa dona da barragem que se rompeu em Mariana (MG) no dia 5 de novembro, pela elaboração da medida.
A Samarco, que a cada dia que passa continua mais alheia à tragédia, ainda não encaminhou aos órgãos ambientais do Estado um plano emergencial de mitigação de danos ambientais, conforme determinação da Justiça de Minas Gerais expedida há mais de mês.
Praias interditadas
As mudanças nas condições de vento e correntes marinhas dos últimos dias interditou mais prais no litoral de Linhares, sobretudo as mais próximas da foz do rio Doce, em Regência. As praias de Degredo, Pontal do Ipiranga e Barra Seca estão interditadas para os banhistas por causa da presença da pluma de turbidez gerada pela lama da Samarco/Vale/BHP.
As praias de Regência, Comboios e Povoação, que já registravam a presença de pluma, também seguem interditadas para os banhistas.
O boletim de Governança do rio Doce informa que a qualidade das águas das praias podem sofrer alterações diárias, tendo em vista que o deslocamento da pluma é altamente influenciado pelas condições de vento e correntes marítimas. A recomendação é que os frequentadores das praias fiquem atentos às informações prestadas pelos municípios e órgãos competentes.
(Com informações da Agência Brasil)