No próximo domingo (21), acontecerá em todo o mundo a Marcha Global pelo Clima, mobilização pacífica que tem o principal objetivo de reivindicar que sejam adotadas fontes de energia 100% verdes até 2050. A marcha acontece dois dias antes da abertura da Cúpula de Líderes pelo Clima, em Nova Iorque, convocada pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-Moon, quando serão exibidas imagens das manifestações em todo o mundo. No Espírito Santo, onde contribuem para o aquecimento global principalmente as empresas Vale, ArcelorMittal, Samarco Mineração e Aracruz Celulose (Fibria), emissoras de gases e outros poluentes, uma edição da marcha acontecerá entre as orlas das praias da Costa e Itapoã. A caminhada partirá da esquina da Avenida Antonio Gil Veloso com a Rua Jair de Andrade, na Praia da Costa, às 8h30.
Os organizadores alertam, na carta da marcha, para o fato de que a ação humana é a principal causadora dos atos que intensificam as mudanças climáticas, como o desmatamento, a emissão de gases poluentes e do efeito estufa, além do excesso de urbanização, descarte inadequado do lixo e poluição da água. De acordo com o documento, a atividade humana foi apontada, em 2007, por cientistas especializados nesta área e reunidos no Painel Intergovernamental de Alterações Climáticas, como a principal causa das mudanças do clima.
A carta também considera importante que as mobilizações aconteçam antes da reunião da COP 21, que será realizada em Paris, em 2015, quando serão firmadas as bases para o novo acordo global de redução da emissão de Gases do Efeito Estufa (GEE), reunião estratégica para que os principais pontos de embate entre os países comecem a ser solucionados no mesmo ano. Casso isso não aconteça, avaliam, não haverá tempo suficiente para fechar um novo acordo global sobre o clima. “A redução das emissões de gases é tarefa política, econômica e social, e não se fará sem pressão dos interessados”, consideram.
A falta de políticas de mudanças climáticas no Estado foi um alerta da Federação das Associações de Moradores e Movimentos Populares do Espírito Santo (Famopes), entidade integrante do grupo SOS Espírito Santo Ambiental, em pronunciamento na tribuna popular da Câmara Municipal de Vitória, em julho deste ano. Na ocasião, o representante da entidade, José Marques Porto, considerou que quanto maior foi a demora no debate sobre as consequências das mudanças climáticas e providências que devem ser tomadas para minimizar os efeitos à população, maiores serão os prejuízos e as consequências aos cidadãos e à administração pública.
A Famopes também lembrou que, apesar de o Estado possuir sua Política Estadual de Mudanças Climáticas (PEMC), instituída pela Lei n° 9.531/2010, o Fórum Capixaba de Mudanças Climáticas, um dos instrumentos estabelecidos na legislação, está desmobilizado.
José Marques Porto alertou ainda para a iminência do desabastecimento de água, que acometerá em poucos anos a região da Grande Vitória, retratando que as nascentes do Rio Jucu, por exemplo, estão cercadas de plantios de eucalipto. Como explicou, os monocultivos de eucalipto, sobretudo aqueles realizados no norte do Estado pela Aracruz Celulose (Fibria), contribuíram para a aceleração do processo de desertificação, que provoca o empobrecimento do solo, a escassez de recursos hídricos e, consequentemente, o êxodo rural, devido à impossibilidade de sobrevivência em territórios acometidos pelo fenômeno.
A Marcha Global pelo Clima é apoiada por MeuRio, Amazon Watch, Uma Gota no Oceano, Movimento Humanos Direitos, Fundação SOS Mata Atlântica e Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). No Estado, a organização fica a cargo do Fórum Popular em Defesa de Vila Velha (FPDVV), Grupo Fraternidade e Vida e o Movimento Vida Nova Vila Velha (Movive).