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Max Mauro jogou durou contra a poluição e até interditou Vale e CST

Em seu governo, poluidoras tiveram os altos-fornos paralisados por um dia

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Leonardo Sá

A defesa do meio ambiente e a luta contra a poluição atmosférica, principalmente na Grande Vitória, foi uma das importantes bandeiras da gestão do então governador Max Mauro, falecido na madrugada desta quinta-feira (14), em Vila Velha, aos 87 anos. Em 1989, a um ano do fim do mandato, ele mandou interditar os dois altos-fornos das principais poluidoras responsáveis pelo problema, a então Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) – atual Vale – e Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST) – hoje ArcelorMittal. A decisão foi decorrente da recusa dos diretores das empresas em comparecerem ao Palácio Anchieta para assinarem um termo de compromisso ambiental.

O ato mexeu com o círculo político de Brasília e trouxe ao Estado o então ministro da Justiça do presidente Fernando Collor, Bernardo Cabral. Era o que faltava para a assinatura do termo de compromisso com o governo do Espírito Santo. Max Mauro relatou esse fato em entrevista a Século Diário publicada em fevereiro de 2015. O governo fechou também a Companhia Ferro e Aço de Vitória (Cofavi) por 20 dias.

A paralisação das duas maiores poluidoras durou apenas um dia, e, embora não tenha solucionado a questão, contribuiu para manter o embate, que persiste até hoje, com destaque para o favorecimento de governos que se seguiram. Vale e a ArcelorMittal foram favorecidas nos dois primeiros governos de Paulo Hartung (2003 e 2010) e no governo Renato Casagrande (2011 e 2014). Casagrande, por sua vez, permitiu a licença para operar a oitava usina. O cenário se mantém até hoje, apesar dos prejuízos à saúde e ao meio ambiente, de investigações por Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs), e de atos de cobranças e protesto popular.

“Foi um curto período – apenas por um dia -, mas os capixabas já viveram sem serem prejudicados pelos poluentes da ArcelorMittal Tubarão (então CST) e da Vale (à época CVRD). A data histórica é lembrada pelo ex-governador Max Mauro: “atendi ao apelo da sociedade, que não aguentava mais a poluição do ar produzida pelas empresas, e determinei à Policia Militar que paralisasse seus alto-fornos”, disse Max Mauro em entrevista a Século Diário.

No seu relato, lembrou que também focou na “nos problemas causados pelo desmatamento, que ainda era intenso em todo o Estado, e nos plantios de eucalipto já sem tamanho da então Aracruz Celulose, hoje Fibria [atual Suzano], que ainda queria plantar mais eucalipto”.

O então governador – diz o texto – “centrou atenção também na poluição da água e do ar. A poluição do ar, tanto produzida na Grande Vitória, incluindo além das usinas instaladas no Planalto de Tubarão – ArceloMittal e Vale -, a usina de Jardim América, Cariacica, onde funcionava a então Cofavi, atual ArcelorMittal Cariacica. Poluição do ar também produzida pela usina da Aracruz Celulose (Fibria), famosa por seus “puns”. Mau cheiro, fétido, que contaminava até a Grande Vitória, distante 70 quilômetros da fábrica”.

Max Mauro lembrou que a poluição produzida por esta empresa infernizava os moradores de Cariacica, principalmente da Grande Bela Aurora e de Vila Velha, em particular da Grande Cobilândia, e os bairros próximos de São Torquato. Seus poluentes tornavam a população particularmente vulnerável às doenças alérgicas e respiratórias.

“A Cofavi, empresa estatal, como eram à época as então CVRD e CST, não quis saber de se comprometer a adotar medidas de controle de poluição. Max Mauro determinou que a usina fosse fechada à força, o que aconteceu por um período de cerca de 20 dias. A empresa então capitulou: assinou termo de compromisso de instalar equipamentos para controle das emissões”.

O governo Max Mauro tratou com as poluidoras com a “convicção de que os poluentes lançados no ar pelas empresas estavam em níveis insuportáveis, formada ainda como médico, antes de se tornar político. Crianças e pessoas com idade avançada, principalmente, mas os pacientes em geral, apresentavam doenças respiratórias e alérgicas em níveis incompatíveis com condições normais do ar”, ressaltou na ocasião.

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