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Meliponicultores de Linhares serão avisados previamente da aplicação de fumacê

A medida, garantida pela prefeitura, é para prevenir a morte de abelhas ao entrar em contato com o veneno

Criadores de abelhas de Linhares, no norte do Estado, serão avisados previamente da passagem do Fumacê, para evitar mortes. O compromisso foi firmado pela gestão do prefeito Guerino Zanon (MDB) na última sexta-feira (31), em reunião com a Associação dos Meliponicultores do Espírito Santo (AME-ES).

Segundo o presidente da entidade, João Luiz Teixeira, novas reuniões serão marcadas para discutir junto com a administração municipal formas de impulsionamento da meliponicultura na região. O assunto foi tratado em encontro com a presença do secretário municipal de Meio Ambiente, Fabricio Borghi Folli; do diretor de Agricultura, Rafael Buffun; e do representante do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), Sérgio Lubiana. 

O aviso prévio, segundo Lubiana, será feito com 24h de antecedência. Entretanto, ele afirmou que nem sempre isso poderá ser feito, uma vez que o trabalho de combate à dengue deve ser ágil. Portanto, dependendo da quantidade de gente doente em um determinado local, a aplicação do fumacê deve ser antecipada para evitar uma epidemia, afirma o representante do CCZ, que destacou, ainda, que essa aplicação não é sistemática, não sendo feita semanalmente. 

Com a prefeitura avisando previamente, os meliponicultores poderão se prevenir fechando os enxames no meliponário à noite para que as abelhas não saiam na manhã do dia seguinte, afirma o presidente da AME-ES. A associação irá encaminhar para a prefeitura os dados dos meliponicultores de Linhares para que o poder público municipal possa contactá-los. João explica que as abelhas saem de manhã e retornam à noite. “Ao sair e entrar em contato com o veneno dispersado pelo fumacê, elas acabam morrendo”. Ele afirma que a prefeitura de Linhares informou durante a reunião que será utilizado pelo fumacê um novo pesticida, o Cielo, que seria menos agressivo às abelhas. 
Além do fumacê, outro fator que tem causado a morte de abelhas é a utilização de agrotóxicos, que, segundo João, é ainda mais prejudicial do que o pesticida de combate à Dengue, zica e chikungunya. “O agrotóxico contamina o pólen, principal alimento das abelhas, que levam esse alimento para as crias, enquanto o fumacê mata somente as que entram em contato com a fumaça, não contaminando outras”, explica. 
No final de julho a meliponicultora Gleide Maria Aparecida Ferreira perdeu 16 de suas 40 colmeias. Não se sabe como, mas foram perdidas seis colmeias de uruçu amarela, duas de jataí e oito de mandaçaia. A desconfiança é de que as abelhas tenham sido contaminadas por agrotóxicos utilizados em quintais vizinhos aos seus, em Regência  já que o fumacê não tem passado no local. 
Gleide cria as colmeias há quatro anos e pretende, a partir de 2021, extrair mel e própolis para comercialização. Ela afirma que o prejuízo foi grande, pois, juntas, as colmeias perdidas poderiam ser vendidas por cerca de R$ 5 mil.

Além disso, aponta é preciso levar em consideração o custo que há para criar as abelhas, tendo que investir, por exemplo, na aquisição de cera para que elas não precisem buscar alimento na natureza em tempos frios. Gleide destaca, ainda, que a quantidade de mel e própolis a ser extraída será menor, e, consequentemente, o lucro das vendas.


O presidente da AME-ES destaca que, para impulsionar o setor, os criadores estão pensando em possibilidades de subsídio e, “quem sabe, a criação de uma cooperativa”.

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