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Militante do MST é eleita vereadora em São Mateus

Ciety participou da primeira ocupação de terra do movimento no Espírito Santo

São Mateus, no norte do Estado, terá na Câmara de Vereadores uma das filhas da primeira ocupação de terra do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Espírito Santo. Luciety de Oliveira Cerqueira (PT), conhecida como Ciety, teve 1.214 votos, sendo a segunda mais votada nas Eleições 2020 na disputa por uma vaga no legislativo. A futura vereadora topou a empreitada em setembro, quando o atual vereador, Paulo Chagas (PT), decidiu abrir mão da candidatura em virtude de sequelas deixadas pela Covid-19. 

Ciety mora no assentamento Fazenda Jorgina, na comunidade Palmeiras. Professora, ela milita na área da educação e na Comunidade Católica São João Batista. “Agora não sou mais somente a educadora, a liderança da comunidade São João Batista, a assentada, sou representante do município de São Mateus”, diz.

Ciety informa que, na Câmara, terá como algumas prioridades a educação do campo e da cidade, a valorização da agricultura familiar e a permanência do camponês na zona rural, principalmente dos jovens.

No que diz respeito à juventude, seu principal foco será o lazer e a educação. “Também quero atuar na defesa da terceira idade, dos quilombolas, das associações e grupos de mulheres. Sozinha não sou nada. Quero criar parcerias com comunidades, associações e escolas. Se precisar da participação do meu povo, eu vou ter. Sempre que necessário, vou convidar”, destaca Ciety, que atribui a sua votação expressiva ao empenho das comunidades e movimentos sociais do campo e da cidade em sua campanha. 

Ciety recorda que, aos 18 anos, participou da primeira ocupação do MST no Espírito Santo, em São Mateus. A iniciativa ocorreu por meio das Comunidades Eclesiais de Base (CEB’s) da Igreja Católica, contando, por exemplo, com organizações como Comissão Pastoral da Terra (CPT), Central Única dos Trabalhadores (CUT), sindicatos de trabalhadores rurais e Igreja Luterana. 

Ciety relata que a ocupação, iniciada em 27 de outubro de 1985, durou nove dias. Após serem despejados, os sem-terra foram para a beira da rodovia, onde ficaram 49 dias. Por meio de uma negociação com o governo do Estado, cujo gestor na época era Gerson Camata, as famílias foram abrigadas em uma área que pertencia à Empresa Capixaba de Pesquisa Agropecuária (Encapa), atual Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper). Esse local, segundo Ciety, é hoje o assentamento Vale da Vitória, em São Mateus.
Ela relembra que, em maio de 1986, saiu a posse de terra. No Vale da Vitória ficaram 49 famílias. Outras 50 foram para o assentamento União, em Conceição da Barra. Oitenta foram à Fazenda Jorgina, da qual Ciety faz parte. Ciety afirma que sua militância começou mesmo em 1986, quando ingressou na Pastoral da Juventude (PJ). Em 1988, recorda, começou a atuar como educadora no antigo primário, na escola do assentamento. Ela fez parte da primeira turma do curso de Pedagogia da Terra, uma parceria entre a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e o MST. 
Ciety já coordenou o Comitê de Educação do Campo de São Mateus. “Sempre fui convidada para me candidatar, mas nunca aceitei, pois não queria ser professora e vereadora ao mesmo tempo, não queria fazer as duas coisas. Em 2018 me aposentei depois de 30 anos como educadora. Aí aceitei o convite para concorrer nas eleições”, explica.

Ela ficou atrás na votação no município apenas de Robertinho (PSB), mesmo assim, por uma diferença de apenas 186 votos. Também foram eleitos Paulo Fundão (PP), Isael (PSL), Lailson da Aroeira (Solidariedade), Kacio Mendes (PSDB), Cristiano Balanga (PROS), Gilton Gomes Pia (PSDB), Delermano Suim (Patriota), Carlinho Simião (Pode) e Adeci de Sena (Cidadania).

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