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Ministério Público quer manter ação contra Samarco/Vale-BHP na Justiça Federal capixaba

O Ministério Público Federal (MPF) defende a manutenção na Justiça Federal do Espírito Santo da ação civil pública movida contra a empresa Samarco Mineração, responsável pelo maior desastre ambiental do País após o rompimento de uma barragem em Mariana (MG), ocorrido em novembro de 2015. A empresa pediu a mudança no local de julgamento do processo que visa garantir a qualidade das águas coletadas no Rio Doce. O caso tramita na 1ª Vara Federal em Colatina, mas a empresa prefere que vá para a 12ª Vara Federal de Belo Horizonte.

De acordo com informações, o recurso da Samarco, que pertence à Vale e à BHP Billiton, foi incluído na pauta de julgamentos do próximo dia sete de março da 5ª Turma Especializada do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2). O parecer pelo desprovimento do recurso foi assinado pela Procuradoria Regional da República da 2ª Região (PRR2), que atua em processos no tribunal. Para o órgão, há precedentes no TRF2 e no Superior Tribunal de Justiça (STJ) para manter o processo em Colatina, que foi um dos municípios capixabas afetados pela onda de lama com rejeitos de mineração.

No parecer, a PRR2 destacou que o próprio STJ, quando indicou a 12ª Vara de Belo Horizonte, ressalvou que isso valeria apenas para ações civis públicas pela reparação de danos em Minas Gerais. Para o órgão, o processo em questão inclui vários pedidos ao Município de Colatina, como a adequação de todas as estações de tratamento, em conjunto com a mineradora e o Serviço Colatinense de Meio Ambiente e Saneamento Ambiental (Sanear).

O MPF pede na ação que sejam criados sistemas de pré ou pós-tratamento para assegurar condições operacionais efetivas e seguras da qualidade das águas do Rio Doce. A opinião do MPF se deu na condição de fiscal da lei (custos legis), e não como autor da ação, aberta contra outros réus: Estado do Espírito Santo, Município de Colatina, Sanear, União e Agência Nacional de Águas.

O rompimento da barragem da Samarco em Mariana (MG) teve consequências em várias cidades capixabas, com problemas no abastecimento de água potável e impactos ambientais e à economia local, principalmente o turismo, comércio e a pesca artesanal. Entre os municípios mais afetados foram: Colatina, banhado pelo rio Doce, e Linhares, onde fica a foz, na região de Regência. No Espírito Santo, o crime impactou ainda a cidade de Baixo Guandu. O episódio deixou 19 mortos na região próxima ao desastre.

No final do ano passado, a Justiça Federal de Minas Gerais aceitou a denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal (MPF) contra 22 pessoas envolvidas no rompimento da barragem. Dessas, 21 são acusadas de inundação, desabamento, lesão corporal e homicídio com dolo eventual, que ocorre quando se tem a intenção ou assume o risco de matar. Faz parte deste grupo, o diretor-presidente da Samarco, Ricardo Vescovi, atualmente licenciado do cargo. A mineradora e suas acionistas (Vale e BHP Billiton) também se tornaram rés por diversos crimes ambientais.

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