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Monocultivos de eucaliptos não são florestas

Após meio século de uma enorme destruição ambiental – solos exauridos, centenas de córregos, rios e lagoas extintos – nas regiões norte e noroeste do Espírito Santo, especialmente o Território Quilombola do Sapê do Norte e os arredores de Aracruz, a Aracruz Celulose (Fibria) e, mais recentemente, também a Suzano, continuam mentindo para a sociedade capixaba, ao afirmar que seus desertos verdes promovem desenvolvimento. 
As palavras do educador Beto Loureiro, da Federação dos Órgãos para a Assistência Social e Educacional (Fase), procuram sintetizar a tragédia socioambiental provocada pela presença da indústria da celulose no Estad.

A Fase é o ponto focal da Rede Latinoamericana contra o Monocultivo de Árvores (Recoma) no Brasil e no Espírito Santo, e acompanha a luta contra os desmandos das indústrias de desertos verdes em todo o planeta. “Toda empresa que planta seus monocultivos, aqui e em qualquer parte do mundo, tem uma prática destrutiva e mentirosa”, relata.

Desde 2004, o Brasil também instituiu, por meio da Rede Alerta Contra o Deserto Verde, o dia 21 de setembro como o Dia Internacional contra as Monoculturas de Árvores. O objetivo é “marcar, lembrar e denunciar, a cada ano, os graves impactos do modelo de produção industrial de árvores em grande escala sobre comunidades e ecossistemas”, descreve a Fase.

Neste ano, a Fase vai publicar uma série de vídeos que mostram porque plantações industriais geram graves impactos ambientais e sociais nos territórios onde se instalam, disponibilizando mais informações sobre o assunto para a sociedade, por meio das redes sociais.

Os vídeos mostram imagens e informações sintéticas sobre os malefícios dos monocultivos de árvores: “As plantações de eucalipto não são floresta! “Elas consomem enormes quantidade de água. Reduzem a água disponível para as comunidades locais. Contaminam as fontes de água com agrotóxicos. Destroem as zonas úmidas. E secam os rios. Certificações como o FSC e o RSPO legitimam essa destruição”.

No Espírito Santo, os quilombolas do Sapê do Norte – entre São Mateus e Conceição da Barra – os indígenas de Aracruz e os camponeses do norte e noroeste do Estado são os mais atingidos pela monocultura de eucaliptos, que chega a cobrir 80% do território de alguns municípios. Expulsos de suas terras por grileiros contratados pela então Aracruz Celulose, até hoje esses povos têm seus líderes perseguidos e sofrem assédios e violências diversas para se retirarem do espaço que conseguiram manter ou reconquistar.

Tudo em nome dos lucros bilionários das multinacionais papeleiras, ambas certificadas pelos famigerados selos internacionais, que pouco deixam em tributos para os cofres públicos, mas que financiam campanhas dos políticos em todos os níveis.

Para o Estado omisso, pouco importa que culturas que, comprovadamente, conservam as florestas e produzem a soberania alimentar da população, sejam massacradas em nome de monoculturas insustentáveis que exaurem o solo e a água, a vitalidade e a diversidade humana. Somente a organização dessas populações e o apoio da sociedade podem mudar esse quadro.

“As mentiras das indústrias de celulose vêm sendo repetidas nos últimos 50 anos, mas a sociedade não engole mais. Hoje as pessoas já associam as extensões de monocultivos de eucalipto com a seca que assola o norte e noroeste do Estado”, afirma o educador da Fase.

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