Em ambas as situações, a agressão foi verificada por moradores que integram o Fórum de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental da Grande Vale Encantado (Fórum Desea), que tem participado ativamente do processo de elaboração do novo Plano Diretor Municipal (PDM), no qual consta indicativo de transformar a Lagoa Encantada em uma Unidade de Conservação (UC).
“A região desmatada está dentro da Zona Especial de Interesse Ambiental (ZEIA) Lagoa Encantada no Plano Diretor Municipal vigente em Vila Velha e também é uma Área de Preservação Permanente (APP). Além disso, a região está passando por um diagnóstico ambiental para definir em qual categoria de unidade de conservação ela se enquadra. É o segundo passo para se criar uma UC. O primeiro, a demanda feita pela população, ONGs ou poder público, já foi cumprida”, explica Wilerman Lucio, um dos membros do Desea.
Na fanpage do Fórum, várias fotos mostram a devastação, com um relato que destaca algumas espécies derrubadas, entre elas, pau-d’alho, pau-magrão, grandiuva, jacarandá-bico-de-pato, quixabeira, feijão-de-boi e camará. “Até o Ipê-felpudo, que é uma espécie de árvore ameaçada de extinção, foi derrubado”, lamenta o texto.
Wilerman afirma que esta última agressão foi identificada nesse domingo (12) e que, ao que tudo indica, o corte da vegetação aconteceu entre sexta-feira e sábado (10 e 11), com a utilização de foice e machado (em 2013 foi utilizado motosserra). A área total do fragmento desmatado tem aproximadamente oito hectares e os membros do Fórum Desea temem que os agressores planejem voltar para aumentar a área devastada.
O ambientalista conta também que a região tem sido alvos de constantes agressões ambientais há alguns anos e o Fórum as tem denunciado à Secretaria Municipal de Meio Ambiente e ao Ministério Público Estadual.
Os autores da agressão de 2013 não foram identificados e, em 2015, o próprio Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf) emitiu licença para desmatamento, na opinião do Fórum Desea ilegal, de uma outra área de mata no Morro do Carcará. “Até hoje ninguém foi punido ou obrigado a recuperar a área”, reclama Wilerman.
“Até quando vamos aceitar a destruição do pouco de natureza que sobrou em Vila Velha? É preciso dar um basta nessa situação!”, protestam, nas redes sociais, os membros do Desea e do Instituto Ecomaris, ONG parceira do Fórum nas ações de proteção ambiental da Grande Vale Encantado. “A população que se preocupa com as gerações atuais e futuras precisa sair da zona de conforto e pressionar o poder público para que façam seu papel”, clamam.