Será preciso forte mobilização para garantir a Pedagogia da Alternância na escola, com muita atenção no processo seletivo dos educadores. “É necessário lutar para inserir alguns critérios que garantam que os profissionais selecionados entendam e apliquem a proposta pedagógica”, ressalta Valdinar dos Santos, coordenador estadual do Coletivo de Educação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Na Pedagogia da Alternância, os estudantes alternam uma semana na escola (Tempo Escola), em tempo integral, e outra semana em casa, junto à sua comunidade (Tempo Comunidade). Na escola, explica Valdinar, todos os momentos são momentos pedagógicos. Desde que descem do ônibus, a organização para entrar na sala, o almoço, a saída e as ações de auto-organização (limpeza e arrumação da escola, das quais os alunos participam ativamente).
O Tempo Comunidade também é muito rico do ponto de vista pedagógico. É nele que é feito o Plano de Estudo, um método de pesquisa em que a criança recolhe, com a família e vizinhos, os elementos que irão guiar os conteúdos que ela irá desenvolver na escola naquele trimestre.
O Espírito Santo possui cerca de 1.500 estudantes matriculados em dez escolas de assentamentos rurais com Pedagogia da Alternância, que funcionam desde nesse sistema desde o início da década de 1990. Nove são estaduais, localizadas nos municípios de São Mateus, Pinheiros, Conceição da Barra Pedro Canário e Linhares.
Zumbi dos Palmares é a única municipal – localizada no único município com uma lei própria voltada à Pedagogia da Alternância –, sendo a maior de todas, com 180 alunos, e um destaque na questão da auto-organização. “Estudo aqui desde a educação infantil e essa escola pra mim e outros educandos é um sonho. A gente estudava no casarão e era muito desconfortável, chovia e molhava as salas, além do forte calor nos dias de sol. Estamos muito felizes”, relata o educando Nestor Pereira, do 6º ano.
Em meio a um momento tão difícil, onde mais de 36 mil escolas no campo foram fechadas em todo o Brasil, sendo mais de 300 só no Espírito Santo (hoje são 1.715 funcionando), uma boa notícia surgiu nessa quinta-feira (1) do Ministério da Educação (MEC).
A partir do próximo ano, a distribuição de recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) considerará como de educação em tempo integral as matrículas nas séries finais do ensino fundamental ofertadas por instituições comunitárias do campo que tenham como proposta pedagógica a formação por alternância. O valor investido na mudança é de R$ 325,7 mil e o custo por aluno passará a ser de R$ 3,56 mil.