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Mulheres Indígenas de Aracruz irão a Brasília para marcha nacional

Grupo de 40 Tupinikins e Guaranis participam do ato com o tema “reflorestando mentes para a cura da Terra” 

Leonardo Sá

Mulheres indígenas de Aracruz, norte do Estado, estarão presentes na 2ª Marcha Nacional das Mulheres Indígenas, em Brasília. Um ônibus e uma van saíram do Espírito Santo nesse domingo (5) para participar da mobilização que dá continuidade à agenda de atos reivindicando o direito dos povos originários. Mais de 4 mil mulheres, de diversas partes do país, são esperadas nos protestos que começam nesta terça-feira (7) e vão até o dia 11 de setembro.

Essa será a primeira vez que a Tupinikim Luana Pereira Silva, de 23 anos, participará da Marcha das Mulheres Indígenas. Ela é da aldeia Pau Brasil. “Sinto que esse movimento vem para fortalecer nós, mulheres indígenas, que estamos na linha de frente da preservação do ambiente em que vivemos, da terra, das florestas e das águas”, declara.

A mobilização é organizada pela Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga), e este ano leva o tema “Mulheres originárias: Reflorestando mentes para a cura da Terra”. “Somos as geradoras das nossas futuras gerações e é cada vez mais importante lutarmos para garantir um planeta melhor e ainda mais o nosso espaço, e qualidade de vida melhor para as nossas futuras gerações”, ressalta Luana.

A Guarani Kunhã potý (Severina), de 51 anos, também participará dos atos. Da aldeia Piraquê-Açu, a indígena destaca a importância da mobilização. “O Brasil é nosso, a luta é nossa. Agora o homem branco tá querendo mandar no indígena, só que a gente não pode deixar. Não temos mais paz nesse Brasil, e piorou com esse presidente corrupto”, critica.

Os atos fazem parte da Primavera Indígena, mobilização permanente dos povos originários até que o Marco Temporal seja julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Entre os dias 22 e 28 de agosto, mais de 120 indígenas de Aracruz estiveram em Brasília participando de protestos contra a tese, luta que agora também contará com a força das guerreiras que são conhecidas como guardiãs de saberes e culturas. “Nós, mulheres indígenas, temos o direito de lutar. Não é só homem que está lutando. A gente também tem direito de ajudar nossos companheiros”, enfatiza Severina.

As atividades serão realizadas no espaço da Fundação Nacional de Artes (Funarte). A orientação para as delegações que irão a Brasília é que seja priorizada a participação de mulheres que já tomaram as duas doses ou dose única de alguma vacina contra a Covid-19.

“Não suportamos mais tantas atrocidades e ataques apontados pra nós. Somos nações, povos, mulheres Mil-lheres que podem ajudar de maneira significativa e singular a humanidade a superar uma de suas grandes crises climáticas e ecológica em direção a manutenção da vida e do equilíbrio da Mãe Terra”, diz uma nota da Anmiga.

Mulheres na luta pelos direitos indígenas

A primeira Marcha das Mulheres Indígenas foi em 2019 e, em 2020, o evento não foi realizado em razão da pandemia. Este ano, a programação inclui palestras e manifestações simbólicas. Na quarta-feira (8), as indígenas irão acompanhar a retomada do julgamento do Marco Temporal no STF. Com início previsto para às 14h, a próxima sessão já se inicia com os votos dos ministros.

Na última quinta-feira (2), o julgamento foi suspenso logo após o posicionamento do procurador-geral da República, Augusto Aras, que se colocou contrário ao Marco Temporal. Com a tese, só seriam consideradas terras indígenas aquelas que estavam sob posse dos povos originários em 1988, quando a constituição Federal foi promulgada, o que foi considerado injusto.

“Este procurador-geral manifesta concordância com o afastamento do Marco Temporal, quando se verifica, de maneira evidente, que já houvera apossamento ilícito das terras dos índios. É preciso que se diga com clareza: haverá casos em que, mesmo não havendo posse por parte dos índios em 5 de outubro de 88, a terra poderá ser considerada como tradicionalmente ocupada por eles”, apontou.

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