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Museu Mello Leitão realiza encerramento do Centenário de Augusto Ruschi

Nascido a 15 de dezembro de 1915 em Santa Teresa, na região serrana do Espírito Santo, Augusto Ruschi é um dos capixabas mais ilustres em toda a história. Reconhecido internacionalmente por suas contribuições às ciências naturais e à conservação da Mata Atlântica – foi o principal responsável pela criação da maioria das primeiras Unidades de Conservação existentes hoje no Estado – também em nível nacional foi saudado como um dos grandes ambientalistas e pesquisadores de seu tempo, tendo sido homenageado como Patrono da Ecologia do Brasil pouco após seu falecimento, em 1986.

No Espírito Santo, porém, é onde ele menos é laureado. A Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) apenas no ano passado, em função do início das comemorações de seu centenário, lhe concedeu o título de Doutor Honoris Causa.

E em Santa Teresa (região serrana), no Museu de Biologia Professor Mello Leitão, fundada por ele em 1949, sua memória tem sido sistemática e continuamente apagada, desde os primeiros dias após sua saída da direção da instituição. É muito fácil “sentir falta” de Ruschi quando se visita o Mello Leitão, pois não há sequer uma única sala dedicada à sua história e à sua memória.

A ação contra a presença do naturalista se estende até ao Topetinho-vermelho (Lophornis magnificus), cuja estátua, instalada por Ruschi na varanda da biblioteca do Museu, está quebrada há trinta anos, sem que nenhum gestor tenha tido a iniciativa de consertá-la.

Durante esse período, fotografias e documentos relacionados à memória do cientista foram sendo retirados do Museu. E até mesmo parte do acervo da instituição foram cogitadas de serem levadas para pontos distantes, no interior da cidade, descaracterizando a relevância dos serviços prestados pelo Museu à pesquisa e proteção da Mata Atlântica.

O golpe de misericórdia contra o legado de Ruschi está sendo produzido desde 2014, com a publicação da Lei nº 12.954, que extingue o Mello Leitão e cria o Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA). A pergunta que se faz é: por que extinguir o único museu de história natural do Espírito Santo, um dos principais legados de Augusto Ruschi, e que já possui, em seu estatuto e em sua história de atuação, basicamente as mesmas finalidades previstas para o INMA?

Essas e outras questões serão colocadas em discussão pelo biólogo Piero Angeli Ruschi, filho caçula do naturalista, que procura conduzir acertos na condução do processo de criação do INMA. “É preciso reinstitucionalizar o Museu. A criação do Instituto não pode significar a destituição do Mello Leitão”, alerta Piero. “O Museu deve se beneficiar em abrigar o Instituto e o Instituto deve se beneficiar em ser abrigado pelo Museu”, argumenta o biólogo.

As festividades de encerramento do centenário de Augusto Ruschi acontecem nesta sexta-feira (9), a partir das 18h, com celebração ecumênica, Folia de Reis de Santa Teresa e Concertina de Pedro Biasutti. A entrada é franca. 

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