Um mutirão realizado neste sábado (12), a partir das 8 horas, dará início a novos plantios de mudas nativas na nova aldeia Guarani em formação no município de Aracruz, norte do Estado. Desde o ano passado, os índios preparam a área para que recupere fertilidade, após décadas de intensa degradação promovida pelos extensos plantios de eucalipto da Aracruz Celulose (Fibria).
A retomada das terras indígenas foi homologada em 2010, depois de décadas de luta, mas a escritura somente foi entregue aos Tupinikim e Guarani no ano passado. De um total de 40 mil hectares, os índios recuperaram pouco menos da metade (18.154,93 hectares).
Na área onde será construída a Aldeia Nova Esperança ou Ka Agui Porã, não há novos plantios de eucalipto desde 2005/2006, o que garantiu a recuperação parcial do terreno. No local, a produção será totalmente orgânica, com métodos e sementes tradicionais.
Segundo Marcelo Guarani, de nome guarani Werá Djekupé, educador indígena bilíngue e presidente da Associação Indígena Guarani Três Palmeiras, os índios mantêm um viveiro que irá fornecer as mudas para a nova aldeia. Uma mobilização social também arrecadou mudas de árvores frutíferas, barracas, colchões e roupas, que serão entregues no mutirão deste sábado. Sem recursos, os índios esperam apoio para realizações de outras ações semelhantes.
O local onde será criada uma nova aldeia indígena fica próximo às aldeias Pau Brasil e Olhos D’água, duas aldeias guarani no Estado. As outras são Piraquê-Açu e Boa Esperança (Tekoa Porã), todas em Aracruz, nas terras retomadas pelos índios da Aracruz Celulose (Fibria).
Algumas plantas ressurgiram na área destruída pelo eucalipto, certamente como parte dos formadores de florestas, que são os pássaros, morcegos e outras espécies que dispersam as sementes de plantas nativas.
Com o processo de recuperação, os índios irão formar corredores ecológicos entre as áreas de vegetação, para que o que resta de animais possa circular com um pouco mais de segurança. Os índios já flagraram brancos caçando nas suas terras. A formação da nova aldeia é o que garantirá a vida aos animais e vegetais na área.
O município de Aracruz tem, hoje, dez aldeias indígenas Tupinikim e Guarani, com cerca de 3.800 índios. Deste total, 400 são Guarani.