Nesta segunda-feira (24), a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Pó Preto da Assembleia Legislativa (Ales) realiza audiência pública em Cariacica. Será às 19 horas, na Associação dos Cofavianos, na rua México, nº 19, no bairro de Jardim América. Toda a região da Grande Bela Aurora e bairros próximos de Jardim América são afetados pela poluição do ar da usina da ArcelorMittal Cariacica, antiga Cofavi.
Mas não só moradores de Cariacica sofrem doenças com a poluição do ar. Os da Grande São Torquato e Grande Cobilândia, em Vila Velha, são diretamente afetados pela poluição do ar da ArcelorMittal Cariacica. Com vento sul, os moradores de bairros como Argolas, Sagrada Família e Paul, em Vila Velha, além do Centro, em Vitoria, também recebem diretamente os poluentes da ArcelorMittal Cariacica em maior escala.
Os moradores são ainda atingidos pela poluição do ar da Vale e da ArcelorMittal Tubarão, que prejudica a Grande Vitória e produz doenças a todos os moradores da região.
As informações sobre a realização da audiência pública foram divulgadas no site da Assembleia Legislativa, no final dessa sexta-feira (21).
Será a quinta audiência pública que a CPI do Pó Preto realiza. As primeiras audiências foram em Anchieta, Vitória, Vila Velha e Serra. Os parlamentares pretendem ouvir os moradores, como os administradores do município de Cariacica. A região da Grande Bela Autora é das mais poluídas da Grande Vitória, com elevada incidência de doenças alérgicas e respiratórias, entre outras.
A CPI informou que convidou a Associação de Moradores de Cariacica, o prefeito Geraldo Luzia de Oliveira, o Juninho (PPS), além do secretário de Meio Ambiente do Município, Claudio Denicoli. Também foram convidados os vereadores de Cariacica.
Na última reunião da CPI, em julho, foram ouvidos os secretários de quatro municípios da Região Metropolitana, entre eles o ex-diretor do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) e atual secretário de Desenvolvimento da Cidade e Meio Ambiente de Cariacica, Claudio Denicoli. Esse, na ocasião afirmou que as empresas Vale e ArcelorMittal são as principais poluidoras na Região Metropolitana. Na mesma ocasião participaram os secretários Max da Mata, de Vitória; Jader Mutzig, de Vila Velha; e Andréia Carvalho, da Serra.
A CPI do Pó Preto iniciou os trabalhos em março, com o objetivo de investigar as denúncias de poluição atmosférica, suas causas e efeitos, com ênfase para os danos causados à saúde da população e ao patrimônio público e privado. Desde então já colheu depoimentos de especialistas nas áreas da saúde e meio ambiente, prefeitos, secretários municipais, gestores de órgãos ambientais, executivos das empresas poluidoras, ambientalistas, pesquisadores, sindicalistas, entre outros segmentos, cita o informe da Ales.
A Comissão é presidida pelo deputado Rafael Favatto (PEN). Seu vice-presidente é o deputado Erick Musso (PP) e o relator Dary Pagung (PRP). Participam como titulares Gilsinho Lopes (PR) e Euclério Sampaio (PDT. Inicialmente, os trabalhos do colegiado deveriam ter sido encerrados em maio, mas foram prorrogados até 4 de setembro.
Na próxima sessão da CPI do Pó Preto na Ales, prevista para a quarta-feira (26), às 13 horas, os seus membros podem se dar mais prazo para concluir os trabalhos. Mas há também a hipótese de que anunciem a data da publicação de seu relatório final.
A CPI da Câmara de Vitória já divulgou o seu relatório. Os vereadores causaram surpresa pelo teor das denúncias. Apontaram alguns dos responsáveis por proteger a Vale e ArcelorMittal Tubarão, como do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) e do Ministério Público Estadual (MPES), apontados com clareza e firmeza como coniventes com as poluidoras do ar.
Não é considerado possível a inclusão da Aracruz Celulose (Fibria), notória também por poluir do ar, no relatório da CPI como poluidora do ar. Isto porque a empresa é articulada com os políticos, tanto do governo do Estado como da Asembleia Legislativa. E que conta, ainda, com beneplácito até de uns pouquíssimos ambientalistas.