Renato Casagrande defende a participação de todos os estados nas políticas ambientais
“O governo federal se afastou muito desse tema, desse assunto mudanças climáticas. O presidente Bolsonaro não tem uma identidade com esse tema, então se afastou muito. Ele nega os efeitos, mas a sociedade mundial, a sociedade brasileira, as entidades, os governantes têm assumido compromissos importantes”, destacou.
Nesta quarta-feira, terceiro dia da COP-26, Casagrande também ressaltou os compromissos assumidos pelos estados brasileiros para combater o aquecimento global. O governador capixaba é o presidente do Consórcio Brasil Verde, iniciativa que reúne 22 governadores em discussões sobre as mudanças climáticas.
Um dos pontos centrais da COP-26 é a redução dos gases que provocam o efeito estufa. A conferência é realizada anualmente e, desta vez, apontada como a última chance para a humanidade cumprir as metas climáticas.
“O que se busca é fazer com que, neste século, até 2100, a temperatura média do planeta não suba acima de 1,5 grau ou dois graus, entre 1,5 e 2 graus Celsius, essa é a busca (…) O que se discute aqui é a oportunidade de uma economia com baixo carbono, onde se possa efetivar a energia renovável, como a solar, energia eólica, o hidrogênio verde, a biomassa, o etanol – que é o combustível renovável”, enfatizou Casagrande.
O governador destacou que, além da preservação ambiental, as discussões em torno da COP-26 também são benéficas do ponto de vista econômico. “O país que conseguir fazer a transição para uma economia de baixo carbono, vai ter muitas oportunidades, conseguir se desenvolver de forma muito melhor e gerar muito mais empregos, porque hoje os consumidores estão preocupados de onde vem o produto, se respeita o meio ambiente ou não”, ressaltou.
Representação nacional
Além de Casagrande, a conferência conta com a participação dos governadores João Doria (SP), Eduardo Leite (RS), Carlos Moisés (SC), Mauro Mendes (MT), Wellington Dias (PI), Paulo Câmara (PE), Hélder Barbalho (PA), Camilo Santana (CE) e Romeu Zema (MG). Os líderes foram à COP-26 sem o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), que decidiu enviar apenas um vídeo à conferência.
O senador Fabiano Contarato (Rede), coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista do Senado, também irá a Glasgow com outros integrantes da Comissão de Meio Ambiente (CMA). Um dos temas presentes no relatório do colegiado é o desmonte promovido pelo governo Jair Bolsonaro na área ambiental.
“Precisamos restaurar e fortalecer a Política Nacional de Mudanças do Clima, que foi devastada pelo atual governo. As catástrofes climáticas, o aumento da miséria do mundo, e a tramitação de leis que levam ao retrocesso ambiental precisam ser barradas. O Brasil tem obrigação, sob pena se sacrificar a vida e o futuro, em retomar os trilhos do desenvolvimento sustentável”, disse o senador, que viaja nesta sexta-feira (5).
O evento, que vai até o dia 12 de novembro, também conta com representantes da sociedade civil. A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), em conjunto com todas as organizações de base, mobilizou mais de 40 representantes dos povos originários, grupo apontado como a maior delegação de lideranças da história da COP-26.
No evento, uma das principais pautas da delegação indígena é a demarcação de terras, vista como uma solução para a crise climática. Nesta quarta-feira (3), lideranças da Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga) se reuniram com o Príncipe Alberto II, de Mônaco, quando também denunciaram a política genocida de Bolsonaro.
“Nós nos colocamos contra falsas soluções, baseadas em inovações tecnológicas elaboradas a partir da mesma lógica desenvolvimentista e produtivista que provoca as mudanças climáticas. Criticamos soluções que não reconheçam os povos indígenas e comunidades locais como um ponto central na defesa das florestas e de todos os biomas, da diminuição do desmatamento e das queimadas” declarou a liderança indígena Sônia Guajajara, coordenadora executiva da Apib.