O “afeto”, aqui, explica a comunicadora popular Fabíola Melca, coordenadora do projeto, tem dois significados: o do sentimento, da emoção, do amor pelo Rio Jucu; e da afetação, transformação. “A intenção é fortalecer a ideia do território da Bacia Hidrográfica do Rio Jucu como um território de afetos e de afetação. Que as pessoas sejam afetadas por esse conteúdo e por esse afeto”, brinca com as palavras.
Nascente, caixa d' água … várias dinâmicas são despertas ao se abrirem essas caixas encantadas. E, à medida que elas forem passando pelas comunidades podem ser acrescidas de outros elementos. São 20 caixas Nave-Gar, no total, que passarão de comunidade a comunidade, num movimento ainda desconhecido.
Fabíola conta que, no Cartografia Afetiva, foram feitas várias imersões com artistas ao longo das comunidades, onde foi produzida grande quantidade de textos, desenhos, áudios e vídeos. Todo esse material foi disponibilizado em uma plataforma digital, com vistas a uma interação afetiva sobre as percepções dos habitantes da Bacia.
Navegando nessa plataforma, é possível encontrar depoimentos de pescadores, agricultores, guardiães de sementes crioulas … como o Seu Lalanja, pescador na Barra do Jucu: “A gente bebia a água daqui, agora a gente já não bebe mais”, conta.
Uma terceira etapa já está em gestação. “Depois de uma reflexão que a gente quer que seja profunda”, conta a coordenadora, a intenção é levar soluções práticas para os principais problemas do Rio Jucu, seja implementando essas tecnologias ou dando maior visibilidade ao que já está sendo feito na própria bacia ou em outras, como técnicas de saneamento ecológico, permacultura, agroecologia, agricultura sintrópica. “O objetivo maior é plantar água”, resume.