Novas manifestações contra a poluição no Espírito Santo serão realizadas ainda este ano, com atividades no mar. A informação é Paulo Pedrosa, da ONG Associação dos Amigos da Praia de Camburi (AAPC). A organização realizou a IV Maratona Aquática 24 horas pela despoluição da Praia de Camburi, considerada vitoriosa pelo dirigente.
“Mais de 200 atletas participaram na água do evento. À meia noite de sábado para domingo (30), 120 dos participantes estavam no mar”, comemorou Paulo Pedrosa.
O balanço sobre o evento foi divulgado nesta terça-feira (1) na mídia social. “Vamos juntos sociedade! Levamos aproximadamente duas mil pessoas para a praia neste evento, entre nadadores, remadores e expectadores. Atingimos mais de 50 mil visualizações nas redes sociais”, disse o dirigente da AAPC.
A mobilização é por uma praia mais sustentável. A AAPC informa que “nosso ideal continua e vem muito mais ai”. Ele lista alguns eventos prováveis em Vitória, e ainda sujeitos à confirmação, como um percurso da Curva da Jurema para Camburi, e em outros municípios, como Vila Velha. Nesse município, a previsão é de que a mobilização seja nas proximidades das ilhas no litoral.
Cobranças
O presidente da AAPC afirma que está sendo cobrado tanto da prefeitura de Vitória como do governo do Estado mais responsabilidade no combate à poluição do ar e do mar.
O mar continua sendo poluído por esgotamentos sanitários e pelas empresas. Os registros são frequentes, inclusive no final de semana passada: a Vale foi novamente pega em flagrante despejando minério no mar no seu píer um, do porto de Tubarão, como denunciou a Juntos SOS ES Ambiental.
A empresa denunciou o novo lançamento de minério no mar pela Vale aos órgãos responsáveis, como prefeitura de Vitoria, Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Chegou a pedir o fechamento do píer pela irregularidade habitual. Providncias? Nenhuma, até agora.
A Vale poluiu o mar criminosamente de 1969 a 1984, e continua poluindo. Em síntese, é o que o Ministério Público Federal (MPF) denunciou em ação civil pública à Justiça Federal. A empresa destruiu uma área de 110 mil metros quadrados de vegetação de restinga, de praia e do mar em Camburi.
Do minério que a Vale jogou no local, pelo menos 60 mil metros cúbicos estão depositados no fundo do mar. Formam uma montanha marinha, cobrindo as condições naturais. O minério impede a reprodução de espécies que entram na cadeia alimentar dos peixes e do homem.
No ar
A AAPC faz parte da Juntos SOS ES Ambiental. Os ambientalistas denunciam que a Vale e ArcelorMittal Tubarão e Cariacica lançam 38 mil toneladas de poluentes, todo mês, no ar da Grande Vitória. Os poluentes são suficientes para encher 593 carretas, com capacidade para transportar 27 toneladas.
As poluidoras lançam sobre os moradores e o ambiente da Grande Vitória poluentes como Material Particulado Total (PTS); Material Particulado (MP10) – menores que dez micra – que são inaláveis; Material Particulado PM 2.5 – que são respiráveis -; Dióxido de Enxofre (SO2); Óxidos de Nitrogênio (NOx); Monóxido de Carbono (CO); e Compostos Orgânicos Voláteis (COVs).
Em relação a estes poluentes, a CPI do Pó Preto da Assembleia Legislativa divulga nesta quarta-feira (2), às 13 horas, o seu relatório final. Na ocasião, será conhecida a posição dos deputados sobre eventuais cobranças aos órgãos responsáveis pelo combate à poluição do ar. Os vereadores de Vitória, que já divulgaram seu relatório, fizeram severas cobranças para punição das empresas, responsabilizando como omissos tanto o Ministério Público Estadual (MPES) quanto a prefeitura de Vitoria.