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ONG mobiliza assinaturas da Carta das Águas por candidatos

Concorrentes de quatro cidades da bacia do Itabapoana se comprometeram com ações

A Organização Não Governamental (ONG) Restauração e Ecodesenvolvimento da Bacia Hidrográfica do Rio Itabapoana (Redi) promove mobilização com candidatos a prefeito dos municípios de sua área de atuação para que se comprometam com a Carta das Águas. O documento, que também pode ser lido e assinado por qualquer pessoa por meio de um formulário online, apresenta demandas e aspirações a respeito da preservação ambiental e do bem-estar da população da bacia do Itabapoana.

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Redi

A mobilização visa alcançar todos os candidatos dos 18 municípios que compõem a bacia em Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro. No território sul capixaba, já se comprometeram com a carta os candidatos: Diego do Betinho (PSD), Marcio Careca (Agir) e Marcio Keres (PSB), de Apiacá; Angélica Baptista (Agir), Marquinhos Messias (PP) e Toninho Gualhano (PSB), de Bom Jesus do Norte; Dudu Queiróz (PSB) e Sebastião Mutuca (PP), de Divino de São Lourenço; e Thiaguinho (PP), de Dores do Rio Preto.

A carta apresenta seis seções com demandas ambientais: “Conservação e restauração da biodiversidade”; “Educação ambiental em todos os espaços”; “Mobilizar para efetiva participação social nos processos de decisão”; “Adaptação climática para resiliência de nossas Cidades”; “Agroecologia e economia solidária como resposta regional”; e “Ecoturismo como ferramenta de desenvolvimento”.

A Carta das Águas reitera, também, a posição da Redi contra a instalação de novas hidrelétricas na bacia do Rio Itabapoana e contra a instalação do Porto Central de Presidente Kennedy, e pede que os candidatos se comprometam com esse posicionamento.

O documento foi elaborado durante o I Fórum dos Saberes da Bacia Hidrográfica do Rio Itabapoana, realizado pela Redi em julho deste ano, em Bom Jesus do Itabapoana, no norte do Rio de Janeiro. O evento reuniu representantes da sociedade civil e do poder público de toda a região, e contou com apresentações de trabalhos científicos, relatos de experiência, produções artístico-culturais e oficinas voltadas para questões socioambientais.

“O fórum foi um espaço que permitiu unir as vozes da população e promover um debate com o poder público através das oficinas com metodologias participativas. Mas também precisávamos de um registro amplo e consistente do que foi debatido nesse espaço e uma ação que fizesse o poder público se comprometer com essas demandas”, explica a diretora de Estratégias da Redi, Isabela Narde.

A proximidade das eleições mostrou-se uma oportunidade de politizar o debate. “Desde que assumimos o compromisso de cuidar do Itabapoana e brigar contra as injustiças socioambientais nesse território, a gente percebeu que as demandas políticas eram muitas, diversas e invisíveis para o poder público. Essas demandas nascem do rio e são repetidas nas falas e histórias que ouvimos dos moradores em cada lugar que visitamos”, comenta Isabela.

Planos de governo

Os integrantes da Redi também verificaram os planos de governo dos candidatos para analisar suas propostas para meio ambiente e sugerir aprimoramentos. Um dos pontos notados pelo coordenador da Redi, Antônio França, é a ausência, na maioria dos casos, de uma perspectiva socioambiental mais crítica.

“São muitas ações propostas pelos candidatos sem uma abordagem socioeconômica e cultural profunda. É só o ‘feijão com arroz’ de que a ‘preservação’ é importante. Quando a gente lê ‘preservação’ já percebe que é um conteúdo pouco crítico, porque coloca o elemento humano em segundo plano”, opina.

Ainda de acordo com o coordenador da ONG, falta também um comprometimento maior com o fortalecimento das secretarias de meio ambiente. “A gente conheça a realidade dos municípios, sabe como é feita a gestão ambiental e suas carências. Daí vem aquele monte de propostas, mas quem vai executá-las, sem uma secretaria de meio ambiente fortalecida?”, afirma.

Faltam também, destaca Antônio, propostas mais abrangentes para educação ambiental. “Isso é muito pouco citado pelos candidatos. É preciso apresentar propostas de educação ambiental de forma integrada com outras secretarias.

Por outro lado, avalia, há muitos planos de governo que citam questões importantes, como restauração de nascentes e proteção de áreas de preservação ambiental, o que é um ponto positivo.

Diálogo com candidatos

Em Guaçuí, já existem agendas marcadas pela Redi com Jauhar (Podemos) e Luciano Machado (PSB), e foram feitos contatos com Carlos Gouvea (PL) e Vagner Rodrigues (PP).

Em São José do Calçado, a ONG tenta agendar com os candidatos Cuíca (PSB) e Leandro do Hospital (Republicanos). Em Dores do Rio Preto, ainda está pendente uma agenda com Jefinho Lagares (PSB).

De acordo com Antônio França, os candidatos têm sido bastante receptivos ao diálogo, de modo geral. Inclusive, Marcio Keres (PSB), de Apiacá, fez algumas alterações em seu plano de governo, após Século Diário revelar que ele é um dos quatro candidatos de cidades afetadas por enchentes do sul do Estado que não havia apresentado um conjunto de propostas específicas para a área ambiental.

A dificuldade maior, segundo o coordenador da Redi, tem sido em Presidente Kennedy, no litoral sul, devido à postura firme da ONG contra a implantação do Porto Central – a classe política do município é majoritariamente a favor do projeto.

“Sabemos que isso é algo muito novo para o território, especialmente no interior, onde a participação pública na cobrança política é ínfima. Mas esperamos mostrar que existe sim uma comunidade preocupada com o Itabapoana, a crise climática e a justiça social e ambiental desses municípios, e que nós estamos atentos e prontos para cobrar”, completa Isabela Narde.

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