Foletto também é o responsável pela indicação do novo superintendente do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), Carlos Roberto Rafael, recebida internamente com a mesma reprovação. E foge dos servidores, legitimamente insatisfeitos. O entendimento claro nos dois órgãos é de tentativa de beneficiar alguns interesses, como da Samarco/Vale-BHP no crime do rompimento da barragem em Mariana (MG).
“Esta nefasta tentativa de intervenção política inevitavelmente causará prejuízos à ação do Ibama no combate ao crime ambiental e nas demais ações desenvolvidas pelo órgão, entre as quais, a promoção de reparação dos danos ambientais decorrentes do rompimento da barragem de Fundão da empresa Samarco Mineração S/A”, afirma a Asibama/ES, em carta aberta à sociedade divulgada no início de setembro.
O grande temor, contam os servidores, é de que o órgão mude a sua “figura institucional” de atendimento aos interesses do Estado e da sociedade, para atender a interesses políticos, de um governo específico.
Também em carta aberta, faz coro a Associação Nacional dos Servidores do DNPM (ANSDNPM/ES): “O cargo de superintendente do DNPM/ES não pertence ao PSB ou a qualquer outro partido, tampouco ao deputado federal Paulo Foletto ou a qualquer outro deputado federal, deputado estadual ou senador. Salientamos que esse cargo pertence ao Estado Brasileiro, sendo, portanto, uma função de Estado que deve ser desempenhada por um servidor de carreira do DNPM”.
Há um mês, as duas associações de servidores realizam manifestações e, mais recentemente, de forma conjunta. Nesta semana já foram duas, a desta terça-feira (4), em frente à sede do Ibama, com direito a apitaço e entoação do Hino Nacional, além de faixas de “servidores em luto” e cabides pendurados no teto, para expressar a indignação.
Em ambos os casos, os superintendentes em atuação eram servidores de carreira dos respectivos órgãos e realizavam boa gestão, apoiadas pelos servidores. No Ibama, outubro começou com a entrega das funções de confiança, forma mais radical de protesto. O DNPM estuda fazer a mesma coisa.
Nesta terça-feira também houve reunião por videoconferência sobre o caso Samarco/Vale/BHP e a ausência dos ex-ocupantes de funções de confiança foi sentida, relatam os servidores. “Se não houver substituição das funções, em pouco tempo tudo se acumulará no gabinete e, com isso, há risco de sobrecarga que pode gerar atrasos e até perda de prazos”, alertam.
A intenção e esperança dos manifestantes é que o novo superintendente e o deputado Foletto percebam o risco de retrocesso em curso e revertam sua postura. “Não vamos parar, até vencer!”, declaram, em coro, no DNPM.