segunda-feira, setembro 16, 2024
28.3 C
Vitória
segunda-feira, setembro 16, 2024

Leia Também:

Peixes com feridas são identificados no Rio Bubu, em Cariacica

Foto Leitor

Pescadores que atuam no Rio Bubu, em Cariacica, na Grande Vitória, começaram a identificar, nesta segunda-feira (2), peixes com lesões semelhantes a úlceras. O corpo hídrico fica a cerca de 1 quilômetro do Rio Santa Maria da Vitória, onde tem sido verificada uma grande quantidade de peixes mortos nas últimas semanas.

Em um vídeo compartilhado nas redes sociais, o pescador Alexandre Rosa mostra peixes coletados no local com diversas feridas, alguns deles com buracos profundos na carne. Um outro vídeo mostra um siri morto em uma ponte da região de Flexal, em Cariacica.

“O peixe está agonizando. Estamos sem conseguir entender. São muitas famílias que dependem da pesca, e a gente já está há 20 dias sem pescar”, relata Alexandre Rosa, morador da Grande Flexal e pescador há mais de 40 anos na Grande Vitória.

Tanto ele quanto demais trabalhadores da região atribuem a situação à construção, nos últimos anos, de aterros ao longo da BR-101 para a instalação de empresas, tendo em vista que os rios Bubu e Santa Maria ficam às margens da rodovia.

Esses aterros teriam a utilização de Revsol, um composto produzido pela empresa ArcelorMittal Tubarão para ser aplicado em vias urbanas e rurais e outros tipos de terreno. Os pescadores têm notado que, principalmente quando a maré enche, os produtos químicos escorrem para os rios, o que pode ser a causa da contaminação.

No caso específico do Rio Santa Maria da Vitória, a empresa RG Centro Logístico tem sido apontada como a fonte do despejo de sustância potencialmente tóxica. O Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) coletou amostras de água na semana passada para serem analisadas, mas os resultados poderão demorar algumas semanas para ficarem prontos.

Foto leitor

A Organização Não Governamental (ONG) Juntos SOS ES Ambiental tem atuado na cobrança de respostas às autoridades. Nesse sábado (31), a entidade encaminhou novo ofício à Secretaria de Meio Ambiente de Vitória (Semmam), questionando sobre as providências tomadas sobre o caso até agora, incluindo se requereu dados de licenciamento da empresa RG Centro Logístico.

Ao Iema, a ONG encaminhou ofício nesse domingo (1), requerendo cópia integral do processo que concedeu licença para a ArcelorMittal produzir e comercializar Revsol e Revsol Plus, bem como documentos sobre os ensaios práticos de impactos ambientais desses produtos.

Auxílio extraordinário

Indicação do deputado estadual Fabrício Gandini (PSD), de número 1406/2024, à Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Seama), foi aprovada na sessão da Assembleia Legislativa desta segunda-feira, para a concessão de auxílio financeiro extraordinário aos pescadores impactados que dependem exclusivamente da pesca artesanal no Rio Santa Maria, durante o período em que não puderem realizar suas atividades devido à mortandade de peixes ocorrida desde o último dia 20, por suspeitas de contaminação.

Foto leitor

Monitoramento e investigação

Em nota para Século Diário, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semmam) de Vitória informa “que mantém o monitorando a baía de Vitória e a situação e investiga as possíveis causas da mortandade de peixes da espécie tainha no Rio Santa Maria da Vitória”.

De acordo com a Semmam, “nas vistorias realizadas em campo, a equipe de Fiscalização e de Monitoramento não encontrou nenhuma anormalidade nas águas e peixes mortos no local, desde a última quarta-feira (28) até o momento. Destaca que nas vistorias feitas na baía de Vitória, não foi identificado qualquer tipo de efeito poluidor/vazamento proveniente da cidade de Vitória que possa ter ocasionado este problema ambiental que afeta a região”.

A secretaria ressalta que “oficiou o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) para que faça a fiscalização e mantenha as inspeções na região, uma vez que a região envolve outros municípios que também são banhados pelo Rio Santa Maria da Vitória. Informa ainda que outras informações sobre medidas em andamento devem ser feitas diretamente ao Iema”.

O Iema e a Prefeitura de Cariacica não deram retorno às solicitações até o fechamento desta matéria.

Mais Lidas