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Pescadores de Itapoã reclamam de exigência da Capitania dos Portos

Os pescadores de Itapoã, em Vila Velha, reclamam da exigência da Capitania dos Portos para que tenham o curso de marinheiro de convés como condição para transportar passageiros para as ilhas do litoral do município. A explicação é simples: a maioria dos pescadores não tem o primeiro ano do ensino médio, exigido para participar do curso.
 
Os pescadores também não têm recursos para pagar o curso, que dura um mês. A informação é de Ozires Rocha Guimarães, da Associação dos Pescadores da Praia  de Itapoã. Ele e sua esposa, Marluce Rufino Guimarães, primeira secretaria da associação, com a sétima série do primeiro grau concluída, explicaram o porquê da sua reclamação.
 
Cerca de 50 pessoas da comunidade vivem da pesca. São pescadores artesanais, que atuam na área de costa, com pequenas embarcações. Tanto pescam, quanto catam sururu e outros mariscos nas ilhas próximas. 
 
Também atendem com transporte aos turistas interessados em conhecer as ilhas. O preço é negociado, mas varia em torno de R$ 20,00. Em geral, a pessoa é transportada e marca um horário para retornar. 
 
Mas há os períodos de defeso para a pesca, quando eles não podem trabalhar. E, ainda, o seguinte: durante o período de 15 de março a 15 de outubro, o acesso às ilhas é proibido. É o período de reprodução de aves que têm na região espaço para construção de seus ninhos. Entre as espécies que se reproduzem no arquipélago, a andorinhas-do-mar e a pardelinha.
 
Os  pescadores mais preparados para a função fazem um trabalho de conscientização, orientando o turista a não destruir a vegetação; para recolher o lixo que produzem; e, para não fazer churrasco nas ilhas. A secretária da associação dos pescadores reconhece que nem todos estão preparados para oferecer todas essas orientações aos turistas.
 
Também é sabido que nem todos os pescadores levam passageiros respeitando a capacidade dos barcos. Há pescadores com barcos a remo, o que, aliás, são os preferidos.
 
Houve uma exigência recente da  Capitania dos Portos para que os pescadores que fazem o transporte de passageiros para as ilhas de Vila Velha  tenham registro. E a única área onde podem se habilitar é como marinheiro de convés. Para realizar o curso, que é caro e inacessível financeiramente para eles, há uma outra exigência, praticamente impossível: ter o primeiro ano do ensino médio.
 
Ozires Guimarães informou que espera uma reunião, prometida pela Secretaria de Pesca, para buscar uma alternativa para regularizar a situação dos pescadores para que possam realizar o transporte de passageiros às ilhas de Vila Velha.
 
Eles defendem que somem esforços a Capitania dos Portos, O Ibama, a prefeitura de Vila Velha para  solução do problema da exigência feita de capacitação. E pedem mais treinamento para que possam orientar melhor os passageiros e minimizar o impacto nas áreas de preservação. Também não são contrários à fiscalização por parte dos órgãos, como destacam.
 
O arquipélago de Vila  Velha é formado por sete ilhas. Seu potencial turístico é grande, pela paisagem e proximidade do continente. A ilha de Pituã, por exemplo, fica a cerca de 300 metros da praia. Ali, há pessoas que ainda retiram os mexilhões para escrever  nomes nas pedras. As outras ilhas importantes e mais conhecidas do arquipélago são a Itatiaia,  Escalvada, Boqueirão, com grande procura pelos visitantes.
 
Os pescadores artesanais de todo o Espírito Santo são vítimas dos projetos da área portuária. 

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