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Pó preto aumenta e população pede socorro ao prefeito de Vitória

“Socorro, Dr. Luciano Rezende, a quantidade de pó preto que está chegando em nossa residência está muito acima do tolerável!”. Com esse pedido literal de socorro, a Prefeitura de Vitoria recebeu mais uma denúncia contra a poluição por poeira sedimentável (PS) nesta sexta-feira (27) de vento nordeste mais forte que o normal.
 
A direção do vento é sempre invocada quando o assunto é pó preto: nordeste, pelos moradores ao sul da Ponta de Tubarão, e sul para os que estão ao norte do complexo porto-industrial. A culpa, obviamente, não é da natureza, mas é ela quem alterna a região da Grande Vitória onde será maior o sofrimento com a negligência do Poder Público e a acomodação imoral das gigantes mundiais da mineração e da produção de aço.
 
Na denúncia registrada nesta última sexta-feira de outubro, o morador da Ilha do Boi Eraylton Moreschi Junior, presidente da ONG Juntos SOS ES Ambiental, apela para o prefeito da Capital, visto que as respostas vindas dos servidores da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Serviços Urbanos (Semmam), absolutamente, não satisfazem a necessidade imediata – há décadas – de alívio para a sujeira e o medo, cientificamente embasado, dos problemas de saúde que o famigerado pó preto provoca, especialmente no aparelho cardiorrespiratório.
 
A última resposta-padrão foi enviada ao morador indignado nesta quinta-feira (26), seis dias após a chamada registrada no dia 20. No dia seguinte, trechos da resposta foram citados na nova denúncia – que não há dados da medição, que a última leitura é de agosto, que na Ilha do Boi os valores estavam dentro do padrão e de que fazem vistorias quinzenais nas poluidoras de Tubarão –, que suplica por esclarecimentos de fato, vindos diretamente do gestor municipal.
 
O ambientalista conta que a porta do seu quarto ficou entreaberta após a limpeza, no período entre 11h e 15h, quando foi retirada uma quantidade de pó preto fora do habitual. “Está intolerável, tem que fechar tudo e ainda entra pó. O vento nordeste está muito forte. Estou esperando só pra ver o resultado dos dados em todas as estações da Grande Vitória no mês de outubro”, conta.
 
A Juntos é uma das entidades mais atuantes na luta pela redução da poluição do ar na região metropolitana, problema ambiental que está no topo do ranking da indignação popular há quase meio século. Ainda em outubro, a ONG questionou formalmente a Prefeitura e o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) sobre os motivos do aumento expressivo do valor medido para o pó preto na estação da Enseada do Suá. Ainda sem resposta.
 
Em setembro deste ano, os ambientalistas da Juntos SOS encaminharam novo requerimento ao Ministério Público Federal (MPF) – com estudos técnicos, depoimentos de médicos especialistas e assinaturas da poluição – relativo à obrigatoriedade de incluir condicionantes ambientais relativas à redução da poluição do ar, nos processos de licenciamento das atividades da ArcelorMittal e Vale, ao invés de limitar o controle ambiental aos Termos de Compromisso Ambiental (TCAs), que são frágeis e não cumpridos pelas poluidoras.

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