Divulgado no último dia 21 de setembro, o relatório desmente, enfaticamente, a propaganda enganosa feita pela Vale de que o equipamento estaria com eficiência de 77,4%. O número fictício foi produzido pela consultoria EcoSoft, através do estudo RT 9207, e teve ampla divulgação pela mineradora, com apoio do Ministério Público Estadual (MPES) e do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema).
A Juntos – SOS Espírito Santo Ambiental tem contestado formalmente esse dado desde 2014. O presidente da ONG, Eraylton Moreschi Junior, conta sua indignação em ver a conivência do MPES e dos órgãos ambientais com a situação. “Denunciamos o caso através de ofícios próprios ao MPES e à Procuradoria Geral do Estado (PGE), mas não recebemos nenhuma resposta“, reclama.
O relatório final da CPI cita um estudo feito pela Polícia Federal, que já havia fechado o Porto de Tubarão em janeiro deste ano, após constatar a poluição no ar e no mar, afirmando que o transporte cotidiano de cargas no Porto provoca lançamento do pó diretamente no mar, sendo que, por não ser homogêneo, devido às suas características físico-químicas, parte dele permanece na superfície e outra parte sedimenta.
Menciona também outra fonte poluidora, que é o transporte de minério nas esteiras transportadoras. “Há uma grande quantidade de pó de minério que cai dessas esteiras e fica depositado no solo, ficando suscetível à ação dos ventos e águas pluviais. Nenhuma das esteiras possui proteção lateral para barrar a ação dos ventos que arrastam particulados para o ambiente externo”, afirma o relatório da CPI.
A Polícia Federal ainda não concluiu o inquérito sobre os responsáveis pela poluição do pó preto na Grande Vitória. A expectativa é de que, a partir daí, medidas realmente eficientes sejam tomadas, como a cobertura das esteiras transportadoras.
