Para Eraylton Moreschi, resultado ruim marca a gestão do ‘homem da Vale’, Alaimar Fiuza, à frente do Iema
Os níveis de poluição por material particulado (MP) aumentaram entre 2018 e 2019 na maior parte das estações de monitoramento da Grande Vitória, em plena vigência dos Termos de Compromisso Ambiental (TCAs) homologados entre as poluidoras do Complexo de Tubarão, Vale e ArcelorMittal, e o governo do Estado – gestão passada de Paulo Hartung – e Ministério Público Estadual (MPES).
A análise é da ONG Juntos SOS ES Ambiental, para quem “os TCAs estão sendo indevidamente utilizados como sucedâneos e mitigadores dos requisitos de uma licença ambiental”, visto que as licenças de operação (LO) da Vale foram renovadas, sem a devida atualização dos critérios a serem cumpridos pela mineradora para redução da poluição emitida em seu processo produtivo.
Ao comparar os dados divulgados pelo Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis para 2018 e 2019, o ambientalista diz que os maus resultados mostram a ineficiência somada de três fatores: “os impactos dos TCAs 035/2018 Vale e 036/2018 ArcelorMittal, da gestão do homem da Vale à frente do órgão fiscalizador Iema, e de falta de fiscalização junto às poluidoras de Tubarão”.
Entre as médias máximas em 24 horas, chamam atenção a Enseada do Suá, em Vitória, e a Vila Capixaba, em Cariacica, onde o MP10, respectivamente, quase triplicou e quase dobrou. Em Jardim Camburi/Vitória, no Ibes e no Centro de Vila Velha, os aumentos foram em torno de 25% e 30%, respectivamente.
Na maioria delas, também, os níveis do poluente ficaram acima do recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de 50µm.
Nas médias aritméticas anuais, as concentrações de MP10 também foram maiores nas mesmas cinco estações e reduziram nas mesmas três, mas com percentuais mais modestos. A recomendação da OMS, de 20 µm, foi ultrapassada em metade das estações de monitoramento.
Já o MP2,5 aumentou nas duas estações onde é feito o monitoramento do poluente, Ibes/Vila Velha e Enseada do Suá/Vitória, com relação às médias máximas em 24 horas, e teve pequena redução nas médias anuais.
A recomendação da OMS, de 10µm, foi ultrapassada nas duas formas de medição na Enseada do Suá e, no Ibes, na máxima média em 24h, ficando no limite da OMS na média anual.
Os dois poluentes são duas variações do poluente chamado de Material Particulado, que se diferencia de acordo com o tamanho da partícula, medida em micrômetro (µm), que significa a milésima parte de um milímetro. Os MPs podem ser denominados de partículas inaláveis grossas (como o MP10) ou partículas finas/respiráveis (como o MP2,5). Sendo que as partículas menores são as mais nocivas à saúde e estão fortemente associadas, segundo estudos epidemiológicos realizados em várias partes do mundo, com causa de hospitalizações respiratórias e cardiovasculares, alterações na função pulmonar e uso de medicamentos.