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Poluidoras ‘compram’ omissão dos prefeitos em troca de financiamento de campanhas

A omissão dos prefeitos da Grande Vitória na fiscalização da Vale e da ArcelorMittal, que lançam no ar poluentes que causam doenças à população e destroem o meio ambiente, é uma moeda de troca dos políticos. Como compensariam quem contribuiu para suas eleições? O mecanismo da doação é imoral.
 
O prefeito de Vitória, Luciano Rezende (PPS), na eleição de 2012, por exemplo, recebeu dinheiro da ArcelorMittal. No total, em dois depósitos, foram doados R$ 50 mil pela empresa, segundo registra o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). 
 
A ArcelorMittal (Tubarão e Caricica) divide com a Vale a responsabilidade pela emissão de poluentes do ar na região da Grande Vitória. As empresas em nenhum momento são fiscalizadas pelo município, que procura fugir do problema, transferindo sua  responsabilidade para o Instituto Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema). Este órgão também não cumpre o seu papel. 
 
Ainda no caso do prefeito Luciano Rezende, a parceria com poluidoras é feita ainda com outra empresa. O prefeito recebeu dinheiro da Aracruz Celulose (Fibria), totalizando R$ 95  mil. A empresa tem plantações de eucalipto, que destroem os recursos hídricos e a terra, e também polui o meio ambiente com suas três  fábricas em Aracruz.
 
O comprometimento do prefeito Luciano Rezende com a Aracruz Celulose vem de outros tempos. Ainda segundo o TSE, na sua eleição para deputado, em 2010, o então candidato recebeu da Aracruz Celulose (Fibria) R$ R$ 30 mil.
 
Os moradores de Vitória são os mais atingidos pelos poluentes da ArcelorMittal Tubarão e pela Vale pela sua localização, junto das indústrias. A omissão da administração Luciano Rezende em fiscalizar as poluidoras é denunciada com insistência pelos moradores, ambientalistas à frente.
 
A poluição ignora limites geográficos na Grande Vitória, atingindo moradores de todos os municípios. Em alguns casos, com grande intensidade, como em Vila Velha. Neste município também não há cobrança às empresas por parte da prefeitura. O prefeito Rodney Miranda (DEM) também recebeu dinheiro para campanha na eleição de 2012 da Arcelor Mittal:  R$ 50 mil. E ainda, da Aracruz Celulose (Fibria), no valor de  R$ 90 mil.
 
A cooptação dos prefeitos e conseqüente abandono da função de fiscal das empresas nas questões ambientais têm produzido críticas da sociedade. Os moradores estão se mobilizando em atos públicos, como o realizado no domingo (18)  na praia de Camburi. Outros protestos estão programados, o próximo acontece no próximo domingo (25), às 9 horas, em frente ao Clube dos Oficiais. 
 
Vitória é  a mais poluída das cidades brasileiras. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Vitória é a capital do país que tem maior concentração média anual de dióxido de enxofre (SO2), dados de  2010. A Capital capixaba apresentava 17 microgramas da substância por metro cúbico de ar. Era seguida por Curitiba, com 10. Em terceiro lugar  vinha Porto Alegre, com 8.
 
Os  moradores da capital e da Grande Vitória são bombardeados ainda por  monóxido de carbono (CO), dióxido de nitrogênio (NO2), por partículas respiráveis (PM 10 e PM 2,5) e partículas totais em suspensão (PTS), prejudiciais à saúde. Causam câncer, doenças respiratórias, alérgicas, entre outras. 

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