Com o objetivo de proteger e conservar a os maiores primatas das Américas contra o risco da extinção, o “Projeto Muriqui” surgiu em 2002 na região centro-serrana do Espírito Santo. Hoje, após 12 anos de trabalho, os pesquisadores estimam que 150 muiriquis, divididos em 17 grupos, habitem os municípios de Santa Maria de Jetibá, Santa Teresa e Santa Leopoldina, um aumento de aproximadamente 50% de indivíduos em relação ao início do projeto.
Diante do risco de extinção da espécie, que habita somente regiões de Mata Atlântica, pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), coordenados pelo professor Sérgio Lucena, iniciaram um trabalho de monitoramento e proteção da espécie. Para pesquisarem seus hábitos e mecanismos de sobrevivência, cinco grupos de muriquis em Santa Maria de Jetibá e um em Santa Teresa foram selecionados para o projeto e são acompanhados sistematicamente pelo grupo.
Além de monitorarem o comportamento dos grupos, os pesquisadores também estudam a ecologia da paisagem onde vivem e a ocupação da terra no entorno, para compreender a adaptação da espécie diante de um ecossistema com interferência humana. “O estudo do ambiente pode nos indicar a probabilidade de sobrevivência do muriqui em uma paisagem tão fragmentada”, afirma o professor. Os pesquisadores também estudam a diversidade genética da espécie, por meio do mapeamento do DNA dos indivíduos.
“Também realizamos uma trabalho em escolas de Santa Maria de Jetibá e Santa Teresa, que promove a difusão e popularização dos estudos com os muriquis”, destaca Lucena, a respeito da função educativa do programa.
Para afastar o risco de extinção, foi elaborado em 2013 o Plano Estadual de Conservação dos Muriquis, que institui diretrizes para a preservação da espécie em todo o Estado. “Agora temos um instrumento legal que vai orientar nossas ações de conservação da espécie”, comemora o professor.
Estima-se que mais de 400 mil muriquis vivam no Brasil em 1500. Hoje, com a fragmentação de seu habitat natural – a Mata Atlântica – a população foi reduzida para três mil animais, colocando a espécie em sério risco de extinção. Eles ocupam os estados do Rio de Janeiro, Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Espírito Santo. No Estado, além da região centro-serrana, também há ocorrência da espécie na região do Caparaó.