“Se vocês não pegarem eu vou deixar na rua”, são as “ameaças” comuns, ao telefone ou por email, conta Helena Fabris Medeiros (foto à esquerda), voluntária no Abrigo Patinhas Carentes. E é o que acaba acontecendo mesmo, pois os abrigos e cuidadores existentes não dão conta de tanta demanda, explica.
Mas e o “espírito de Natal?”, não protege os bichinhos desse descaso? Por não quererem pagar um hotelzinho ou uma pet sitter – cuidadoras temporárias de animais domésticos, que cobram por dia de visita –, o destino dos pets acaba sendo o abandono e a própria sorte.
Para piorar a situação, o hábito de soltar fogos de artifício também faz aumentar o número de fugas de animais e de acidentes, pois, assustados com o forte barulho, muitos gatos e cachorros ficam desnorteados. “As prefeituras deveriam optar por fogos de artifícios que não emitissem som, só imagem”, orienta a médica-veterinária Maria da Gloria Alves Cunha, presidente da ONG Associação dos Amigos dos Animais (Adada) e conselheira efetiva do Conselho Regional de Medicina Veterinária do ES.
Para prevenir e remediar esse drama sazonal e também os abandonos em outras épocas do ano, algumas medidas são tomadas pelos cuidadores voluntários. No Patinhas Carentes, o processo de adoção é bastante meticuloso, com um formulário extenso e exigências muitas vezes consideradas exageradas. “Tem gente que nem preenche o formulário, só responde reclamando que bastar querer dar carinho pro animal. Mas não é assim. A pessoa precisa refletir se vai poder mesmo cuidar dele pro resto da vida”, justifica Helena.
“Quando recebemos uma denúncia de abandono, direcionamos para o setor adequado, seja a secretaria de meio ambiente, seja a polícia”, explica Glória (foto à direita), lembrando que os Centros de Controle de Zoonoses não recolhem animais nas ruas, somente quando estão mortos ou quando há histórico de agressão a moradores.
Outras duas sugestões que a médica-veterinária faz são: uma, tratar dos animais abandonados na rua mesmo. “Se cada um se dispuser a dar um pouco de comida, de água, levar numa clínica para retirada de parasitas e vermifugação, já é uma grande ajuda, não precisa necessariamente levar pra própria casa”, orienta.
E para os tutores que se encontram no dilema de ter de viajar e não poder levar seus pets, a dica é a contratação de hoteizinhos ou pet sitters. Raquel Crespo é um desses anjos. Comerciária, faz do trabalho uma fonte de renda extra, pra custear os gastos com os resgates de animais abandonados que realiza há anos.
Funciona da seguinte forma: ela marca um horário com a pessoa, para conhecer a rotina da casa, saber onde ficam a comida e a areia e se há necessidade de alguma medicação. Depois, quando os pais viajam, ela vai até a casa, limpa a areia, troca a água, coloca a comida e medica, se precisar. As visitas duram em média uma hora e o preço varia de acordo com a localização.
A satisfação? “Não tem explicação, é uma aventura a cada lar que eu vou, amo de paixão os animais”, derrete-se. Raquel atende somente gatos e geralmente nos municípios da Serra e Vitória. Ela pode ser contatada no Facebook ou no telefone (99524-1497), mas avisa que sua agenda de cat sitter está cheia até o dia seis de janeiro.
Dog sitters também podem ser encontradas nas redes sociais. E uma vai conectando outra. Opção para cuidar dos pets durante as viagens da família existem, basta procurar e exercitar o espírito natalino.