O prazo de um mês anunciado pelo secretário de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Seama), Rodrigo Júdice, para as poluidoras do ar na Grande Vitória informarem que tipo de ações podem adotar para a redução das emissões da poeira sedimentável venceu nessa quinta-feira (19).
O anúncio em relação às empresas foi feito pelo secretário em sua primeira coletiva como secretario da Seama. O secretário é procurador do Estado.
As medidas anunciadas por Júdice foram criticadas pelos defensores do meio ambiente. Uma delas foi claramente para proteger o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema). Em ação feita pelo Ministério Público Estadual (MPE) contra a ArcelorMittal, o Iema foi denunciado como réu. O novo secretário anunciou que o Iema passaria a coautor na ação, resolvendo o seu problema.
Além das poluidoras tradicionais, a Vale e ArcelorMittal, o plano de contingência teria que ser feito ainda pela construção civil.
A conivência do governador Paulo Hartung (PMDB) com as poluidoras vem sendo denunciada de longa data. E está aumentando. Durante manifestações contra o pó preto em Camburi este ano, grande parte dos que se pronunciaram lembraram que aumento da poluição a níveis insustentáveis foi decidido, na prática, quando Hartung governou o Estado entre 2003 e 2010, e autorizou a construção da 8ª usina da Vale no Planalto de Carapina.
A região recebe o vento nordeste, dominante na Grande Vitória. Vale e ArcelorMittal emitem toneladas de pó a olhos vistos, 24 horas por dia. Nem isso sensibilizou o governador Paulo Hartung a rejeitar o projeto da Vale e outros da ArcelorMittal, desejo que a população manifestou nas audiências públicas sobre o tema.
Os custos das doenças provocadas pelas poluidoras são enormes. Cada morador da Grande Vitória gastava em 2001, em média, cerca de R$ 100 por ano para tratar as doenças causadas pela poluição do ar. A Vale e a ArcelorMittal causavam neste período doenças que exigiam o gasto anual pela população de R$ 133 a R$ 160 milhões.
A primeira usina da Vale em Tubarão foi inaugurada em 1969. Hoje, a empresa tem oito usinas de pelotização na região. As sete primeiras com capacidade total de produção de 25 milhões de toneladas de pelotas/ano. A oitava produzirá 7 milhões de pelotas por ano.
Com a otimização da produção das usinas de I a VI e com a 8ª usina serão produzidas 39 milhões de toneladas de pelotas de ferro por ano em Tubarão, o que equivale à sua nona usina. O projeto inicial da empresa para a região era de 12 usinas de pelotização, a maioria coligadas com empresas de outros países.
A Grande Vitória é bombardeada ainda pelos poluentes das usinas siderúrgicas da ArcelorMittal. O início de operação foi em novembro de 1983, como Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST). Atualmente a ArcelorMittal Tubarão produz por ano de 7,5 milhões de toneladas de aço em placas e bobinas a quente em três usinas.
A usina da ArcelorMittal Cariacica produz aços laminados, perfis leves e médios para construção mecânica, torres de transmissão de energia e telecomunicações. A capacidade de produção atual é de 1 milhão de toneladas, das quais 600 mil toneladas de aço bruto e de 400 mil toneladas de produtos laminados por ano. A produção aumentará em 200 mil toneladas anuais.