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Prefeitura de Santa Teresa contesta denúncia de contaminação ambiental

Relatório técnico indicou ausência de irregularidades em Valão de São Pedro

Foto aérea da região do lago de Valão de São Pedro: Josiane Siqueira

A Prefeitura de Santa Teresa, na região central serrana do Estado, procurou Século Diário nesta quarta-feira (15) para contestar informações de uma matéria publicada na segunda-feira (13), que abordava uma denúncia de contaminação ambiental em Valão de São Pedro, zona rural do município. A administração municipal, sob gestão do prefeito Kléber Médici (PSDB), enviou um relatório técnico da vistoria realizada no local na última sexta-feira (10). O documento foi elaborado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA) e apresentou conclusões que divergem dos relatos feitos pela moradora Josiane de Siqueira.

“Após a vistoria na lagoa, a equipe deslocou-se para a propriedade do Sr. Vagner Luiz Venturini, como citado na denúncia, onde foi possível confirmar que não houve rompimento ou vazamento da fossa situada na residência”, destaca o relatório. A análise também concluiu que não havia indícios de esgoto doméstico no local, e o material observado na água foi identificado como de origem vegetal, “possivelmente oriundo da limpeza de uma área de cultivo de eucaliptos que foi suprimida e destocada para dar lugar a uma nova monocultura (cafeicultura)”.

Ainda conforme o documento, a atividade de retirada de eucaliptos e plantio de café não exige licenciamento ambiental. A denúncia sobre supressão de vegetação nativa foi encaminhada ao Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf-ES) para análise e providências, registrada no protocolo nº 2025011339095. O relatório técnico conclui que “não foram constatadas irregularidades no que tange à fiscalização desta Secretaria Municipal de Meio Ambiente”, e reforça que não houve intervenção direta em cursos hídricos na área vistoriada.

A reportagem de segunda-feira destacou o posicionamento da prefeitura de que a denúncia não procedia. Na ocasião, porém, a informação passada era de que a administração municipal ainda aguardava a realização de um laudo técnico.

A prefeitura justificou que as intensas chuvas recentes na região impactaram as demandas de fiscalização e atendimento, o que atrasou o envio das informações solicitadas. Além disso, informou que a SMMA não realiza laudos técnicos de análise da água em propriedades particulares, uma vez que a análise é feita apenas em áreas públicas ou de competência municipal.

Histórico da Denúncia

Na última semana, Josiane de Siqueira, moradora de Valão de São Pedro, afirmou que notou a alteração na qualidade da água na manhã do último dia 7 de janeiro, quando foi alimentar os peixes no lago e percebeu que eles haviam desaparecido. “A água estava completamente turva, com um odor estranho e uma mancha escura na superfície”, relatou. Segundo a moradora, as máquinas utilizadas na propriedade vizinha para arar o terreno teriam causado o rompimento de uma fossa séptica, despejando resíduos na lagoa.

Além disso, Josiane afirmou que as máquinas também derrubaram parte da mata nativa, incluindo árvores raríssimas da região, como o ipê-damasco-bicolor e o ipê-peroba-amarela, ambas com mais de um metro de diâmetro. “Desde o segundo semestre do ano passado, venho observando um aumento nos crimes ambientais na região”, acrescentou. A moradora declarou que está elaborando um relatório completo com detalhes das denúncias, que será encaminhado ao Ministério Público (MP).

Josiane acionou o Conselho Municipal de Meio Ambiente, e a conselheira Alzira Bermudes encaminhou a denúncia de crime ambiental a um grupo virtual para o conhecimento dos demais membros do colegiado, que não se reúne formalmente desde novembro de 2024. Na ocasião, ela havia manifestado a preocupação com a saúde pública, especialmente devido à ligação do lago afetado ao sistema hídrico do Rio Timbuí, que abastece diversas áreas produtoras de hortifrútis, com grande parte destinada ao abastecimento da população da Grande Vitória e de outros municípios do Espírito Santo. A representante do conselho então encaminhou a denúncia para a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, responsável por fiscalizar a situação.

Em resposta, a prefeitura contestou as alegações de crime ambiental, destacando que “as imagens e constatações técnicas da vistoria não apontaram indícios de irregularidades”.

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