A Prefeitura de Vila Velha está desmatando uma área de aproximadamente 2,5 mil metros quadrados na encosta do Morro do Moreno, em Vila Velha, para a construção de um estacionamento planejado para atender à demanda do Centro de Reabilitação Física do Espírito Santo (Crefes), situado à esquerda do local desmatado. A área pertence ao governo do Estado e é contígua à Área de Preservação Permanente (APP), que pelo Código Florestal Brasileiro é definida como encostas ou partes destas com declividade superior a 45°.
De acordo com Lupércio Araújo, do Instituto Orca, a vegetação que está sendo retirada pela prefeitura se dividia entre trechos nativos e trechos em recuperação. O desmate começou na tarde desta terça-feira (2) e abriu uma clareira no meio do remanescente de Mata Atlântica preservado no local, de onde foram retiradas árvores que chegavam a possuir 10 metros de altura. “O Estado está dando o exemplo de como acha que se deve cuidar da natureza”, apontou o ambientalista.
Lupércio estimou que cerca de um terço da área foi desmatada nesta terça-feira e o restante da mata deverá ser retirado nesta quarta-feira (3), na continuidade dos serviços da prefeitura. Na área, ainda existem exemplares de 15 metros que estão dentro da área licenciada pelo Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf) para desmate, como informou.
O representante do Instituto Orca lembrou que a encosta desmatada é parte da área de escoamento de toda a água da porção leste do Morro do Moreno, onde antes da urbanização da cidade de Vila Velha existia um rio. Na atualidade, quando chove, é possível ver o caminho do antigo rio, que se forma no mesmo local, passa pelo Clube Libanês, e deságua no mar, como explica Lupércio.
O ambientalista também afirma que a retirada das árvores da encosta representa um risco para os moradores do local e, principalmente, para os pacientes e funcionários do Crefes, já que, sem a proteção da encosta, a área se torna ainda mais vulnerável a pedras e grandes quantidades de terra que podem despencar do morro com as fortes chuvas. As construções em volta correm o risco de serem atingidas e, além disso, as galerias podem ser entupidas e dificultar o escoamento das águas.