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Presidente da Acapema diz que governo deve obrigar Vale e Arcelor a usar água das ETEs

A exigência ao governo é do presidente da Associação Capixaba de Proteção ao Meio Ambiente (Acapema), Mário Camilo. Ele analisou sugestão neste sentido apresentada nessa quarta-eira (28) pelo diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Espírito (Sindaema), Nildo Antônio Leite de Mendonça. 
 
O sindicalista defende que a ArcelorMittal e a Vale devem ser abastecidas com água residual retirada das Estações de Tratamento de Esgotos (ETEs) da Companhia Espírito Santense de Saneamento (Cesan).
 
Só em uma das ETEs, a de Camburi, são retirados 500 litros de água por segundo, água descartada e que deve ser usada nas operações indistriais da ArcelorMittal e Vale.  Essa água representa mais da metade do que é fornecido pela Cesan às empresas. 
 
A Arcelormital Tubarão recebe água sem tratamento da Cesan. São 800 litros por segundo, totalizando  69 milhões de litros por dia. Para a Vale, a água já é entregue tratada pela Cesan. O consumo da Vale é de 120 litros por segundo, totalizando 10 milhões de litros por dia. 
 
Caso a medida seja determinada, a água captada e hoje fornecida à ArcelorMittal e Vale poderá ser usada para abastecimento humano. Será suficiente para abastecer os municípios de Serra e Vitória.
 
Mário Camilo afirma que a Cesan deve exigir das empresas, principalmente indústrias, uma redução de consumo de pelo menos 30%. E investimentos, a título de compensação ambiental pela destruição que promovem, em recomposição da mata ciliar em córregos e rios e nas nascentes.
 
“É uma determinação que deve partir do governo do Estado. Mas que deve começar como dever de casa”. O presidente da Acapema lembra que a Cesan, que é quem mais capta água nos rios do Estado, deve adotar políticas como incentivar o replantio da vegetação nativa, de redução de desperdício da água tratada. O Espírito Santo é o quarto estado no país em perda de água pronta para consumo: 34% no total em 2013.
 
Para o ambientalista, todas as empresas devem considerar a necessidade de planejamento para uso racional de água, considerando diversos cenários. A degradação ambiental do Espírito Santo é promovida pelas empresas, com complacência dos governos do Estado e dos municípios. A situação se torna particularmente grave com a falta de chuvas, como agora. 
 
E agrava ainda a  poluição dos rios.O Espírito Santo já ocupa o terceiro lugar no ranking nacional.  Em relação ao esgoto, o Estado coleta apenas 41,93% do que é produzido, e  trata apenas 76,69 desse total. 
 
A água entregue pela Cesan à Vale e ArcelorMittal Tubarão é captada no rio Santa Maria da Vitória em Queimados, na Serra. Do rio são retirados 3,2 mil litros por segundo em condições normais. A vazão normal do rio varia de 35 mil litros/segundo. Atualmente está reduzida a 3.500 litros por segundo. Sobram escassos 300 litros por segundo. A situação vai se agravar, pois não há previsão de chuvas no Estado. 
 
A água retirada do rio Santa Maria abastece 600 mil moradores de todo o município da Serra, a região norte de Vitória, parte de Cariacica e Fundão. Os moradores das partes restantes de Cariacica e de Vitória, além de quem mora em Vila Velha e Viana, são abastecidos pelo rio Jucu e pelo reservatório de Duas Bocas.
  
Nesta  quinta-feira (29),  o governador Paulo Hartung reuniu no Palácio Anchieta  representantes da agricultura e pecuária, comércio, das indústrias.  O tema reuso da água coletada nas estações de tratamento ainda não foi colocado em pauta.

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