A produção alimentar camponesa do Espírito Santo chegou à internet. O Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e a Cooperativa de Produção e Comercialização Camponesa (CPC-ES) lançaram nesta terça-feira (13) um site para a comercialização de itens produzidos de forma agroecológica, ou seja, sem utilização de veneno, por pequenos agricultores capixabas: hortaliças, legumes, frutas, feijão, fubá, açúcar mascavo, doces e cachaça. E o mais importante: a preço acessível.
O procedimento é simples: o internauta pode enviar o pedido até as 6h da quinta-feira. Os produtores fazem a confirmação e realizam a entrega na quarta-feira seguinte. O período é necessário para as famílias camponesas organizaram os pedidos e produtos. Os pontos de entrega, por enquanto, são as feiras realizadas perto da Catedral de Vitória, na Cidade Alta, e do Morro do Quadro, entre 16h e 18h.
O pagamento pode ser efetuado por transferência bancária ou pagamento em dinheiro, realizado no ato da retirada do pedido. Na primeira compra, o consumidor ganhará sacola ecológica retornável, que deverá sempre ser devolvida na retirada do pedido seguinte.
A página entrou em operação nesta terça-feira (13) e já conta com cerca de seis pedidos, explica o membro da CPC-ES, Wberdan Suela. A ideia principal, agora, é buscar a expansão dos pontos de entrega. “Vamos trabalhar para entregar dentro dos bairros, dependendo da demanda. A intenção é criar mais pontos”, diz, que já recebeu uma sugestão de criação de um local para entrega no bairro Goiabeiras, em Vitória.
A comercialização de produtos via internet é um bom passo à frente do modelo comercial vigente até um mês atrás. Aqui, o MPA recebia pedidos por telefones de cestas fechadas nos tamanhos P, M e G e executava as entregas toda quarta-feira para grupos organizados em bairros, coordenados por voluntários que reuniam um número mínimo de pedidos na própria residência. Era um trabalho de um dia inteiro.
Agora, o MPA trocou o telefone pela internet – o que vai fazer toda a diferença. No lugar do modelo de cestas fechadas, opção do movimento pela facilidade de gestão dos pedidos, entra o modelo personalizado, em que o cliente escolhe o que quer e quanto quer.
As expectativas, claro, são boas. Suspenso há um mês para a organização do site, o antigo modelo de entrega estagnou em 60 pedidos semanais. O novo modelo deve revigorar as vendas, esperam os produtores. “Estamos com boas expectativas. Já temos um público que conhece nossos produtos, mas que mostravam insatisfação com a cesta fechada, o que vai ser resolvido com a personalização”, diz Raul Krauser, integrante do MPA.
O frescor do produto também será garantido. No modelo antigo, a primeira remessa de cestas fechadas ainda conservava uma boa aparência, que, no entanto, não se preservava na última entrega, realizada algumas horas depois. O MPA contornou o problema com a compra de um galpão em Nova Carapina, Serra, onde construiu um Centro de Abastecimento Popular de Alimentos, equipado com frigorífico. O produtor poderá conservar a produção antes da entrega final.
O site também vai abrigar itens especializados, que não “cabiam” em um modelo fechado de pedido, como vassoura de melga, artesanatos, sabão, entre outros. Segundo Raul, a ideia é expandir a oferta no site para cerca de 300 itens. Hoje são pouco mais de 50. A entrega em domicílio também não é um projeto descartado. O movimento pretende implantar a opção em cerca de 60 dias, que ficaria por transporte de motocicleta. O custo, aqui, ficaria com o cliente.