Moradores e comerciantes das praias da Costa, Itapoã e Itaparica, em Vila Velha, denunciam que o Projeto Amigos da Restinga, apoiado pela poluidora Vale e pela Cesan, tem prejudicado a mobilidade de moradores e turistas, além de usurpar espaços públicos, sem aviso e debate prévios. A população afirma que não foi ouvida sobre a implantação de cercas e placas, muitas das quais interditam caminhos entre a restinga e ocupam áreas de uso comum, como as utilizadas para a prática de esportes.
O projeto consiste na instalação de cercas ao redor das áreas de restinga da praia e de placas informativas. Entretanto, como relata Claudia Barcellos, proprietária de uma sorveteria na Praia da Costa, o cerceamento do local com as cordas e as placas impede a passagem de pedestres onde anteriormente haviam caminhos abertos, inclusive em frente à faixa de pedestres. De acordo com Claudia, as áreas cercadas servem de esconderijo para usuário de drogas e as cordas já apareceram cortadas por diversas vezes.
Como retratou Petrus Lopes, do Instituto Jacarenema de Pesquisa Ambiental (Injapa), devido ao descontentamento com os funcionários do projeto, a população já chegou a confundir a equipe do Injapa com os funcionários do Amigos da Restinga. Na ocasião, a equipe do Instituto Jacarenema foi expulsa da área pelos moradores. Ainda de acordo com Petrus, uma árvore de araçás que havia sido plantada pelo Injapa em área de restinga foi arrancada pelos funcionários do Amigos da Restinga.
O Projeto Amigos da Restinga é coordenado pelo Movimento Vida Nova Vila Velha (Movive) e recebe apoio, além da Vale e da Cesan, da Prefeitura de Vila Velha, da Associação Preserve Barra Sol de Bodyboarding (APBB) e das Associações de Moradores da Praia da Costa, Praia de Itapoã e Praia de Itaparica. As ações do projeto foram iniciadas em junho de 2012, por solicitação do Movive. As primeiras atividades de cercamento começaram em março de 2013, a partir do apoio da Vale e da Cesan. Empresas de alto potencial poluidor, como a mineradora, utilizam de estratégias como essa para a consolidação de marketing verde, pela qual atividades tidas como sustentáveis são usadas para esconder a poluição e os danos ambientais e sociais causados por suas atividades.
O projeto foi elaborado pela prefeitura, com o intuito de apresentar um planejamento e posterior cumprimento das solicitações da Notificação Recomendatória/Conjunta Nº 01/2012, de autoria dos Ministérios Públicos Estadual e Federal, que solicitava a instalação de cercas para a proteção de restinga ao longo da orla da Praia da Costa, Praia da Itapoã, Praia de Itaparica e Praia das Garças.