A Petrobras teve de mandar representantes ao Espírito Santo depois de, por três anos, ignorar o apelo dos índios capixabas para indenizá-los pelo uso de suas terras com um gasoduto. Neste momento, a comissão dos caciques e outras lideranças indígenas se reúnem com os representantes da empresa que vieram do Rio de Janeiro, nas instalações do Sesc, em Ponta Formosa, Aracruz. Enquanto isso, a rodovia ES-010, fechada ao trânsito na tarde dessa quarta-feira (26), no trecho do território indígena, continua interditada.
Segundo o cacique Pedro Silva Karai, da aldeia de Piraquê-Açu, se o acordo com a empresa for assinado, eles imediatamente vão liberar o trânsito. Os índios fizeram vigília no local durante toda a noite. E mantêm o protesto nesta quinta-feira (27).
O cacique Pedro afirmou que a intenção dos índios não é prejudicar quem quer que seja, mas exigem que seus direitos sejam respeitados. Há enorme engarrafamento nos dois lados da pista, na altura da ponte sobre o rio Piraquê-Açu.
Os índios calculam que a indenização pelo uso das suas terras com o gasoduto atinja um valor próximo de R$ 450 mil (R$ 45 mil por aldeia). A pedido dos índios, um projeto para aplicação dos recursos chegou a ser elaborado, mas os recursos jamais foram enviados para sua execução.
Eles exigem bolsas de estudos para cerca de 40 estudantes indígenas. Também recursos para construção de tanques para criação de peixes, e investimentos na criação de pequenos animais e de viveiros de mudas nativas. Querem ainda recursos para destinar ao plantio de milho, feijão e mandioca, entre outros cereais, e três carros para as aldeias. A destinação dos veículos será para transporte na área de saúde, entre outros fins.
As terras indígenas no Espírito Santo foram tomadas pela Aracruz Celulose (Fibria) e usadas desde a década de 60 do século passado com plantios de eucalipto. As terras foram exauridas pelo uso intensivo. Também estão contaminadas com venenos agrícolas, que atingem a pouca água que resta tanto nos córregos como no lençol freático. Os índios lutaram contra a empresa e os seus aliados nos governos do estadual, federal e municipal, até reconquistar parte do que foi tomado.