Com uma população de cães e gatos em situação de rua estimada entre 35 mil e 40 mil, Vitória conta os dias para iniciar o cadastro para um mutirão de castração de animais domésticos. Estão previstos, no entanto, apenas cinco mil cirurgias, que não devem beneficiar os animais abandonados e sim os domiciliados e semidomiciliados.
Os critérios para cadastros dos futuros beneficiados – endereço, condição social etc. – e as técnicas que serão empregadas nos animais – tipo de anestesia, chipagem etc. – ainda não foram tornados públicos pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semmam).
A expectativa é grande, acumulada há meses, bem como as expectativas sobre os melhores procedimentos a serem adotados. “É muito importante instalar o chip nos animais semidomiciliados. Fica mais fácil o controle, para acionar os tutores em caso de atropelamento e maus tratos, por exemplo. A Prefeitura tem chip, pode fazer isso”, recomenda Elbamar Caversan, Diretora de Bem-Estar Animal do Conselho Popular de Vitória (CPV).
Apesar da expertise no assunto, a diretora do CPV não foi convidada a participar do grupo de trabalho criado em agosto de 2019 para definir os critérios do mutirão. A inclusão dos animais em situação de rua é outra reivindicação de Elbamar.
“Muitas pessoas em situação de rua cuidam melhor de seus animais do que as pessoas com endereço. E é uma população que precisa ter prioridade nessa política pública de castração”, explana, sem, no entanto, ter tido qualquer sinal de que a secretaria de Luiz Emanoel Zouain da Rocha irá contemplar esse público. “A previsão é iniciar os cadastros para o mutirão por volta do dia 15, mas até agora nada sobre os critérios foi tornado público”, diz.
À reportagem de Século Diário, a Semmam não respondeu, até o fechamento desta matéria, sobre prazo para cadastro ou bairros que serão beneficiados, feitos na solicitação.
A área de abrangência do mutirão é outro motivo de preocupação entre os moradores da capital. Após peregrinar em vários telefones e sites institucionais, o cidadão Walter Conde, morador do Centro, recebeu a informação de que o cadastro será aberto no portal do Bem-estar Animal no próximo dia 20 e que o mutirão irá contemplar toda a cidade. “Serão 80 bairros”, conta Walter.
Sua busca teve início após boatos de que o vereador Vinicius Simões (PPS) teria conseguido incluir o centro da cidade no rol de bairros beneficiados pelo mutirão. A informação, relata Walter, não foi confirmada pelo Centro de Vigilância em Saúde Animal (antigo CCZ) nem pelo 156, que é divulgado como canal de comunicação telefônica do Bem-estar Animal com a população. Somente depois de falar diretamente com o departamento é que houve o esclarecimento de que não só o centro, mas outros 76 bairros foram incluídos.
Ocorre que apenas três regiões são contempladas pelo serviço cotidiano de castração de cães e gatos da Prefeitura: Grande São Pedro, Grande Santo Antonio e Grande Maruípe.
A restrição segue recomendação do Ministério da Saúde, informa o Centro de Vigilância em Saúde Ambiental (CVSA), da Secretaria Municipal de Saúde, que é uma unidade do Sistema Único de Saúde (SUS).
Segundo o CVSA, a esterilização de animais atende “regiões de maior vulnerabilidade social, grande concentração de animais sem supervisão, bem como aqueles envolvidos em episódios de agressão, contribuindo, assim, para fortalecer as ações de prevenção e controle de zoonoses no município de Vitória. De acordo com as normas regulamentadoras do SUS, os animais são selecionados por áreas de interesse epidemiológico, com um trabalho que promove a guarda responsável junto aos proprietários, e também a castração e a identificação permanente dos animais (microchipagem)”.
Nesse sentido, atualmente, esclarece o CVSA, “são consideradas prioritárias as solicitações dos bairros das Regiões de São Pedro, Santo Antônio e Maruípe, por serem esses os bairros com maiores índices de agressões por animais, maior número de solicitações de recolhimento de animais recebidos pelo serviço 156, e maior cobertura vacinal nas campanhas de vacinação, o que sugere maior população de cães e gatos naqueles bairros e a maior necessidade de reforço nas orientações sobre guarda responsável junto aos respectivos proprietários”.