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‘Queremos ampliar o debate ambiental e dialogar com o poder público’

João José destaca papel da Campanha da Fraternidade na preservação ambiental

A Campanha da Fraternidade 2025, que tem como tema “Fraternidade e Ecologia Integral”, tem início no próximo domingo (9), às 13h, no Ginásio Dom Bosco, em Vitória, onde acontecerá a abertura. Contudo, a mobilização vem sendo feita desde o final de 2024, quando a equipe responsável visitou as seis áreas pastorais que abrangem a Arquidiocese de Vitória para, junto com as comunidades, elencar os problemas ambientais locais. “Queremos ampliar o debate ambiental e dialogar com o poder público”, ressalta um dos integrantes da equipe, João José Barbosa Sana.

Arquivo Pessoal

A ideia, de acordo com ele, é contatar, durante o ano, a Assembleia Legislativa e as Câmaras Municipais, para propor audiências para discutir a questão ambiental de acordo com a realidade regional. A Arquidiocese de Vitória abrange seis áreas pastorais: Benevente, Serrana, Vitória, Vila Velha, Cariacica/Viana e Serra/Fundão. Ao todo, são 92 paróquias e cerca de 1 mil comunidades. Participaram das formações realizadas pela equipe de mobilização 639 pessoas.

O levantamento feito será publicizado por meio de uma cartilha que será distribuída no formato impresso durante a abertura da Campanha da Fraternidade e disponibilizada nas redes sociais do Vicariato para Ação Social, Política e Ecumênica.

Os principais problemas ambientais apontados pelos moradores da área Cariacica/Viana foram acúmulo de lixo nas ruas, destruição de mangues, descarte incorreto de lixo, moradias irregulares, alagamentos, falta de educação ambiental e as cheias do rio Formate.

Nas áreas Vitória e Vila Velha, os problemas são semelhantes, mas na que abrange a Capital, destaca-se a poluição do ar, assim como na área Serra/Fundão.

Na área serrana, que abarca Afonso Cláudio, Alfredo Chaves, Domingos Martins, Santa Leopoldina e Santa Maria de Jetibá, localidades majoritariamente rurais, foram elencados a expansão imobiliária, principalmente nas terras altas; uso indiscriminado de agrotóxicos; monocultura, com a degradação do solo, utilizando técnicas inadequadas de cultivo; e insuficiência de educação ambiental.

João José relata que outra preocupação em todos territórios visitados é o Programa Estadual de Desenvolvimento e Uso Sustentável das Unidades de Conservação (Peduc), que transfere a gestão de áreas protegidas para o empresariado, com leilões previstos para 2025. O Peduc foi instituído pelo Decreto nº 5409-R e abrange os parques Paulo César Vinha (PEPCV), na região metropolitana; Itaúnas, em Conceição da Barra, no norte do Estado; Cachoeira da Fumaça (PECF), em Alegre; Forno Grande (PEFG) e Mata das Flores (PEMF), em Castelo, no sul do Estado; e Pedra Azul (Pepaz), em Domingos Martins, na região serrana.

“O Peduc significa um grande risco para o meio ambiente. Sendo áreas de uso comum, com a privatização pode passar a ser privilégio de quem tem dinheiro para pagar”, diz João José, destacando que a iniciativa privada prioriza o lucro em detrimento da preservação ambiental e da cultura popular. Nesse último aspecto, ele destaca o prejuízo que o Peduc pode trazer para as comunidades quilombolas.

O lema da Campanha da Fraternidade 2025, a 9ª a abordar a questão ambiental, é “Deus viu que tudo era muito bom”, frase retirada do livro bíblico de Gênesis. “Em linguagem mitológica, a Bíblia traz a mensagem de que tudo que existe foi dado por Deus em plena harmonia. Portanto, todos esses problemas climáticos estão vinculados com a desarmonia de um sistema que não cuida da Casa Comum, que não prioriza a vida, mas sim o lucro”, enfatiza.

João José aponta, ainda, que a Campanha da Fraternidade se baseia na Economia de Francisco e Clara, que traz diretrizes para um desenvolvimento econômico que não esteja em conflito com a dignidade humana, a partir dos documentos do Papa Francisco. “É uma economia do compartilhar, que valoriza a agroecologia, produções agrícolas que priorizam o mercado interno, e não a exportação”, explica.

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