Iniciativa da Cidade Quintal ao fim de ações de intervenção urbana é exemplo de reaproveitamento criativo de materiais
O grupo Cidade Quintal vem realizando grandes intervenções urbanas, utilizando cores, desenhos e diálogos comunitários para ajudar a ressignificar espaços públicos por meio de pinturas e outras ações. Foi assim em bairros de Vitória como Ilha do Príncipe, Vila Rubim, Ilha das Caieras e Romão. Desde meados de 2019, ademais, o grupo criou uma ação que virou tradição após cada projeto executado: o Re-Lata, no qual as latas de tintas utilizadas nas pinturas, ao invés de lixo, são transformadas em utensílios com um toque artístico, sendo usados para colocar plantas, guardar pertences ou, nos casos dos maiores, transformados em bancos ou lixeiras.
A próxima edição será lançada neste sábado (17), com a disponibilização de cerca de 45 latas, fruto do último trabalho na Vila Rubim. O lançamento das artes disponíveis será feito durante um debate online pelo Instagram, que começa às 10h, sobre Sustentabilidade Urbana.
Além das latas em si, os restos de tinta também eram um problema para o descarte. A solução foi reaproveitar. Os resíduos de cada lata são usados para pintar as partes interna e externa das latas com detalhes e desenhos geralmente em cores vivas, característicos das pinturas urbanas feitas pelo Cidade Quintal. “Como aproveitamos os restos de tinta, acabamos seguindo a paleta de cores dos projetos realizados”, diz Juliana.
A ambiguidade do nome do projeto é proposital: além do reaproveitamento das latas, a ideia é trazer relatos relacionados com a questão da sustentabilidade. Uma das convidadas para o debate do próximo sábado é Naná Muriel, estilista e empreendedora criativa, que comanda o espaço Casa Flor, no Centro de Vitória, onde foram realizadas as edições anteriores do Re-Lata, quando o espaço se chamava Studio Etá. Agora com o formato online do debate devido à pandemia, o local vai servir como ponto de busca com horário agendado, uma das opções além do delivery para as pessoas terem acesso às latas artísticas.
Naná terá companhia na conversa de Ione Duarte, bioconstrutora e agricultora urbana, integrante do Coletivo Mobilize e da Horta Comunitária Jardim da Capixaba, localizadas no Morro da Capixaba, em Vitória. As latas disponibilizadas pelo projeto terão um valor sugerido (R$ 20 para as pequenas; R$ 30 para as grandes), com toda arrecadação revertida para a campanha de doações de alimentos feita pelo coletivo para moradores em situação de vulnerabilidade na comunidade.
Na última edição o apoio foi para o coletivo de pintores da Ilha do Príncipe, que contribuiu com a intervenção no bairro e conseguiu potencializar a celebração de natal na comunidade. “Vimos um potencial de aproveitar esse resíduo, ou melhor, esse ex-resíduo, para transformá-lo também em ações positivas que vão reverberando”, conta a designer.
Nesta edição, os próprios desenhos terão detalhes ligados ao projeto apoiado, com desenhos inspirados em frutas, verduras, plantas alimentícias não convencionais, insetos e outros elementos que reforçam a questão da segurança alimentar, uma preocupação do coletivo e da horta comunitária.
O resultado das últimas edições tem sido um sucesso, e as latas se esgotam rapidamente. Juliana sugere aos interessados para ficarem atentos. “É muito comum pessoas entrarem em contato um ou dois dias depois e lamentarem porque já esgotou”.
Nesta edição, será possível retirar as latas em horário agendado na Casa Flor ou solicitar entrega nos municípios de Vitória, Vila Velha, Serra e Cariacica, o que implica a adição de uma taxa para o entregador. O catálogo de peças e as encomendas serão disponibilizadas por meio de Whatsapp que será divulgado pela produção ao final da live de sábado.