A Universidades Federal do Espírito Santo (Ufes) foi a primeira a ser demandada e, logo no início, passou a atuar junto da Universidade Federal do Rio Grande (Furg) e da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), em parceria com o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Os trabalhos dessa rede embrionária permitiram o monitoramento do avanço da lama de sedimentos sobre o mar, com relatórios semanais, que embasaram o Ministério Público Federal em sua Ação Civil Pública de maio de 2016 e seu recente Termo de Ajustamento Preliminar, em janeiro último, além do Fórum Rio Doce Capixaba e Fórum Norte, entre outras ações da Justiça e da sociedade civil.
Logo em seguida surgiram demandas para as áreas continentais, fazendo a rede se ampliar, atraindo principalmente universidades de Minas Gerais.
“Estruturalmente, a Rede nada mais é do que um grupo de professores de universidades, de várias áreas de conhecimentos, para fazer um estudo integrado sobre impactos na biodiversidade, alimentando os órgãos ambientais com informação. E tudo com financiamento da Fundação Renova”, explica o professor de Oceanografia da Ufes, Alex Bastos, coordenador técnico geral da Rede.
“É um corpo de profissionais técnicos para encontrar respostas, de forma ágil e independente, para questões que a própria Ciência ainda não tem”, ressalta o professor de Engenharia Ambiental da Ufes, Edmilson Teixeira, responsável pela Coordenação de Gestão da Rede, junto do professor Eustáquio de Castro, do Departamento de Química da Ufes.
Equipar e capacitar as universidades
Para a sociedade, a realização desses estudos pelas universidades, ao invés de exclusivamente por empresas de consultorias, confere um pouco mais de credibilidade, em função do caráter mais independente e menos comercial da academia.
Permite também criar know how local, regional e nacional, sobre crises dessa magnitude, para as quais, definitivamente, o Espírito Santo, Minas Gerais nem o Brasil estão ainda preparados.
“A rede tem um papel que vai muito mais além do que está no Termo de Referência do Acordo. Os dados que ela gera podem fomentar estudos futuros, por estudante de Mestrado e Doutorado, por exemplo, fortalecendo uma base técnica-científica nos dois estados”, vislumbra Edmilson.
A formalização da Rede, mais de um ano depois dela ter surgido espontaneamente, visa agregar mais instituições de ensino e pesquisa, no Brasil e no exterior, para cobrir mais áreas de conhecimento, agregando pesquisadores com expertises diversos, necessários à resolução dos problemas de forma integrada.
“Nó precisamos fortalecer o papel do Estado. Agora, por exemplo, nós vamos trabalhar dando suporte a fundação renova. Não é que a gente vá trabalha para a Fundação Renova. É que ela tem o recurso e todos temos o entendimento que ele precisa ser aplicado na recuperação socioambiental e investido na sociedade, nas universidades”, defende o coordenador de Gestão.
Rede internacional
A proposta de formalização foi bem recebida pelo Comitê Interfederativo do Rio Doce (CIF), criado para fiscalizar as ações de recuperação e compensação socioambiental relativas ao crime, financiadas pela Fundação Renova. Já recebeu parecer favorável da Câmara Técnica de Biodiversidade e manifestações de outras câmaras técnicas ambientais, como a de Segurança Hídrica.
Além da Ufes, Furg e Uerj, outras siglas foram se somando à Rede, que já conta com 23 instituições de ensino e pesquisa brasileiras: IPJB-RJ, UFF, UFRJ, UFSB, UFPR, USP, UVV, UFSJ, UFRB, UFSM, UFPE, UFJF, IFES, FAESA, UFV, UFMG, UFLA, UNIFEI, PUC-MG e UFAM.
“A Rede não é da UFES, nós estamos trabalhando com foco na construção de uma rede internacional, que terá alternância de instituições responsáveis pela gestão”, explica Edmilson.