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Reforma agrária e soberania alimentar: MST realiza ato em Linhares

Umas das pautas são a ameaça de despejo do acampamento João Gomes e o impeachment de Bolsonaro

Divulgação

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST-ES) realiza um ato neste sábado (16), em Linhares, norte do Espírito Santo. Com concentração na Praça 22 de agosto, a mobilização defende a reforma agrária popular, denuncia o contexto de fome no país, e defende a permanência de 40 famílias no acampamento João Gomes, ameaçadas de despejo pelo governo do Estado.

O ato é realizado no Dia Mundial da Alimentação e faz parte da jornada da soberania alimentar, promovida em todo o Brasil. Em Linhares, os manifestantes se concentrarão às 7h e, em seguida, farão uma caminhada pelo centro da cidade. O encerramento será nas margens da BR-101, com a distribuição de 200 cestas básicas para pessoas em vulnerabilidade, por meio das associações de moradores.

“O primeiro papel da agricultura familiar é defender a vida (…) Denunciaremos o aumento do preço do alimento, do combustível, a volta da fome, que está novamente batendo na porta do povo brasileiro, e aqui no Espírito Santo, também os seis anos de descaso do crime da Vale, Samarco e BHP, que destruiu a vida de diversas comunidades”, explica um dos integrantes da direção do MST-ES, Rodrigo Gonçalves.

Uma das principais bandeiras da mobilização é a reforma agrária popular e a soberania alimentar, que defendem a democratização da produção e distribuição de alimentos, respeitando a cultura de cada território. “Os pequenos agricultores e camponeses fazem o que o agronegócio não consegue, que é produzir alimentos saudáveis e distribuir. Diferente do agronegócio, que concentra terra não para produzir comida, mas para produzir commodities”, destaca.

Outra pauta é o impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). “O aumento do preço do alimento é uma política do agronegócio e do governo federal. Infelizmente, o governo investe no agronegócio e não investe na agricultura familiar”, enfatiza Rodrigo.

Em nota divulgada nessa quinta-feira (14) pela organização nacional do MST, em menção à jornada da Soberania Alimentar, as consequências dessas escolhas governamentais estão claras: mais de 20 milhões de brasileiros e brasileiras passam fome, enquanto 55% da população está em insegurança alimentar.

“Esse crime atinge principalmente mulheres, crianças e o povo negro, expressiva maioria de quem vive nas periferias das cidades. A crise é mundial, mas a política de Bolsonaro aumenta a crise, jogando na sarjeta 67 milhões de trabalhadores e trabalhadoras que não têm trabalho, emprego, renda e direitos”, ressalta a entidade.

Acampamento João Gomes

No Espírito Santo, uma das urgências do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra é o acampamento João Gomes, em Linhares. Após uma ação de reintegração de posse do governo do Estado, 40 famílias correm risco de serem despejadas. De acordo com a entidade, a área, localizada na comunidade de Palhal, no distrito de Bebedouro, está desapropriada desde 2012.

Em audiência realizada com o com secretariado do governo, nessa quinta-feira (14), o Estado manteve o posicionamento pela retirada das famílias, alegando que a área seria oferecida à iniciativa privada. Rodrigo informa que o Estado garantiu que irá discutir a viabilidade da criação de novos assentamentos. Uma segunda reunião está marcada para a próxima semana, com data ainda a ser definida.

A área foi desapropriada pelo governo e cedida para a Petrobras construir uma fábrica de nitrogênio UFN4. Em 2015, porém, a Petrobras desistiu do projeto e anunciou a devolução do terreno. As famílias que ocupam o acampamento são, majoritariamente, de Linhares e Aracruz, no norte, e da Serra, região metropolitana.

Essa é a 4ª tentativa de retirada dos acampados que, desde 2019, utilizam o espaço para a produção de alimentos para consumo próprio, criação de pequenos animais, além de doarem alimentos para pessoas em vulnerabilidade nos três municípios.

“A gente não vai desistir de lutar pra transformar aquela área em assentamento, porque é uma área propícia para a produção de alimentos e para a agricultura familiar”, garante Rodrigo.

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