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Reservas Particulares de Proteção Natural podem ajudar a frear desertificação

“Ecoporanga, Cultura e Ecologia” é o tema do encontro realizado no próximo fim de semana pelo grupo organizador do Seminário de Humanidades de Cotaxé. No sábado (7), a partir das 18h, estudantes, professores, pequenos proprietários, ecologistas e autoridades estarão reunidos em Ecoporanga junto a uma delegação que partirá da Grande Vitória.

Uma das atividades principais do evento será uma palestra com o tema “Conservação em terras privadas – porque e como fazer”, proferida pelo biólogo Sebastião Francisco Alves, presidente da Associação Capixaba do Patrimônio Natural (ACPN), proprietário da RPPN Remy Luiz Alves e membro da Rede Sul-Americana de Conservação Voluntária em Terras Privadas, que está em construção.

A ideia é expandir o conceito da RPPN, Reservas Privadas de Proteção Natural, para o noroeste capixaba, que sofre com a seca e processo de desertificação. “Durante a palestra, vamos falar do sistema estadual e federal de RPPNs, das categorias de unidades de conservação e sobre quais as vantagens que se ter uma unidade de conservação em sua propriedade, além de falar de nossa responsabilidade coletiva e o que esperamos dos governos. Será um bate-papo para passar informações para as pessoas terem condições melhores de decisões sobre como fazer”.

Sebastião ressalta que as RPPNs são fruto de atitudes voluntárias dos proprietários, que decidem transformar parte ou a totalidade de sua propriedade em área de proteção. Para isso submete ao Estado ou ao governo federal uma proposta de reconhecimento legal do caráter de reserva. Hoje, no Espírito Santo, são 57 RPPNs, sendo 47 reconhecidas pelo Estado e 10 pelo governo federal.

O evento é fruto de uma aproximação do Seminário de Humanidades com a questão ambiental. Tendo realizado cinco edições no distrito de Cotaxé entre 2013 e 2019, o seminário se debruçou inicialmente sobre as questões históricas do local, que envolvem o conflito entre posseiros e grileiros desde a primeira metade do século 21. O evento conseguiu incentivar diversas iniciativas acadêmicas e culturais sobre história e questão agrária, política e geográfica do noroeste do Espírito Santo.

Para além da história e da política, o Seminário de Humanidades de Cotaxé também vem tentando fomentar questões culturais e ambientais. No ano passado, ao invés do seminário, foi realizada uma caminhada ecológica às margens do Rio Dois de Setembro, que nasce em Ecoporanga e tem grande importância na região.

“Não queremos ficar só no passado. Nele, o conflito entre posseiros e grileiros teve prevalência dos interesses dos grandes proprietários, com monocultura do campo para pasto, gerando um desmatamento generalizado e um impacto ambiental muito grande, porque as nascentes acabaram sendo degradadas. Muitas secaram e os rios também ficaram desprotegidos”, explica Vander Costa, um dos organizadores do Seminário de Cotaxé. “A gente vive um processo de desertificação e as pessoas de Ecoporanga sabem muito bem os problemas da seca e da deficiência de recursos hídricos.

Nesse sentido, o fomento das RPPN pode ser das iniciativas que junto a outras ajudem a recuperar áreas degradadas ou garantam a preservação de regiões que possuem vegetação conservada.

No outro ponto, no que se refere à questão cultural, o Seminário de Humanidades vem dialogando com diferentes manifestações culturais de Ecoporanga como a capoeira de Santa Luzia do Norte, o Roubo da Bandeira de Prata dos Baianos, o Boi Janeiro de Cotaxé e a Folia de Reis de Córrego do Barbosa. “Falamos da resistência dos camponeses lá atrás contra os ataques que sofreram, mas temos que lembrar também da resistência da cultura popular, que segue se reproduzindo no meio do povo”, diz Vander Costa.

Além disso, Ecoporanga é terra de importantes representantes da arte e cultura, como o escritor Adilson Vilaça e o cantor e compositor Juliano Gauche. No evento deste sábado, quem estará presente é o escritor e poeta Gilson Soares, que realiza o lançamento de seus livros Poesia de bolso: pequenos poemas pedestres e 55, coletânea que reúne parte de sua obra. Gilson também fará uma conversa sobre seu processo criativo na escrita e a relação com sua terra natal, que se faz presente em sua poesia. O fechamento da noite será com um sarau poético-musical.

O ônibus que sairá da Grande Vitória terá custo de R$ 100 e sai entre a madrugada e manhã de sábado, passando por Cariacica, Vila Velha, Vitória e Serra. Para mais informações, contactar o e-mail: [email protected].

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